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segunda-feira, 5 de junho de 2023

Encontro dos easistas da grande BH e zona da Mata, em 20/5/2023.

 

                                                                                                                                                               Escrito pela equipe de redação do Blog

Colocar a amizade em dia não é uma questão de muito tempo, mas de afeto.



A sempre bela Tiradentes.
Os que vieram tinham um compromisso inicial, um almoço no restaurante Habanero, em local central de Tiradentes, o que não poderia ser melhor. Comida com muitas escolhas, algumas com nomes sofisticados, mas com excelente sabor e ao gosto dos mexicanos, com pimenta em vidrinhos daqueles que você pergunta: onde achar tal preciosidade para enfeitar a cristaleira?(um deles, um vidro pequeno com um chapéu do tamanho daqueles que o Caio usa, isso no sentido proporcional). Aliás, quase me esqueci de quem estava lá: os anfitriões que nos convidaram e organizaram tudo e que nos deram atenção e carinho até exagerado, mas ninguém reclama deste tipo de excesso, falo de Rose e Siovani, o casal 20, talvez sem a Rose não saberíamos nem o que pedir, pois ela nos orientou sobre a qualidade dos pratos e o que devia ser pedido como entrada e como prato principal. E na saída conferiu as contas nas comandas e mandou o garçom consertar alguns lançamentos. Aliás, este esmero conosco já havia se revelado momentos antes quando chegamos à casa deles, primeiro Maria José e Lulu, depois Marina e Tupy, e já estávamos velhos lá, quando chegaram o Lua e seu irmão Ademir. Auxiliadora e Caio só chegaram um pouco depois porque foram direto para uma Pousada.
No Habanero a partir do Lua, Siovani, Maria José,
Auxiliadora, Rose e Marina

Via-se a satisfação no rosto e nas palavras dos que chegavam ao se depararem com a simpatia dos donos da casa que combinava com a arquitetura do imóvel, que também encantava. É bom ver que estes amigos vieram para São João Del Rei e aqui encontraram local muito bom para viver: aconchegante, cheio de recursos que dão conforto e bem-estar. Uma casa que mostra o bom gosto de quem a construiu e dos que a escolheram para comprar. Como eles mesmos dizem, rodaram meio mundo procurando o que queriam e foi paixão à primeira vista pela beleza e estilo do imóvel; não foi preciso dar mais de que dois passos no jardim para baterem o martelo: é esta! Os espaços e localização são excelentes, os jardins têm agora as digitais que marcam o capricho dos atuais moradores, um local onde se dãoao luxo de terem beija-flores de estimação (eles quase falam com o Siovani que lhes dá atenção e água com açúcar; e não se esqueça: 20% de açúcar, 80% de água). Quem dormiu lá sabe que o conforto se estende pela casa toda e em especial pelo quarto, banheiro e cama. Pode existir colchão igual, mas melhor duvido, foi o que disse a Maria José. 

Mas voltemos à vaca-fria, ou melhor, ao guacamole e ao Habanero: copos regados à cachaça Germana com gelo e água tônica e, nos pratos, molho de pimenta. Muitas guloseimas: Tacos, Tortilhas, Torresmo estupidamente crocante, Bife de Ancho com arroz, Bolinho de Carne Moída. O forte da casa é o guacamole que recheia diversas opções de pratos, a pimenta ali é adereço servido na forma de molhos que enchem pequenascaveiras de cristais (e como definiu o Tupy: arde pouco na primeira lambiscada, mas que queima bastante com o passar do tempo).

Terminado o almoço, Lua e seu irmão, Ademir, despediram-se dali mesmo, pois tinham compromissos inadiáveis em BH. Nós resolvemos perambular pelas ruas de Tiradentes tomadas pelo povo num dia de movimento acima do normal, pois havia um festival gastronômico que evitamos, já que havíamos comido e bebido do melhor que se poderia ter por ali.  Logo na porta do restaurante alguns saborearam picolés de marca famosa na cidade (Picolé do Amado), e nota-se que uma senhora pediu alguma coisa e Maria José ofereceu um pedaço do picolé que degustava, a mulher, emocionada em intensidade desproporcional a uma metade de picolé, agradeceu por várias vezes; e o Caio, um observador perspicaz, comentou mais tarde de como algumas pessoas são gratas mais pelo gesto do que pelo valor do bem recebido.  Depois do picolé, o pequeno grupo resolveu caminhar um pouco pelo centro de Tiradentes. Alguns entraram em umas poucas lojas, olharam os preços, torceram a cara, e logo sentiram que o frio aumentava a vontade de voltar e aproveitar o calor da casa e do Encontro (que também aquece a alma).

Não demorou e o grupo já estava de novo na casa dos anfitriões, e logo em seguida todos sentaram-se ao redor de um café ao estilo mineiro, o que aguçou o apetite. Não faltaram boas quitandas: pão de queijo; queijo fresco; pão de frutas; um bolo muito elogiado e tudo mais que se possa pensar em termos de alimentos saudáveis, e, acreditem, tudo ou quase tudo feito pela anfitriã.  Para completar a alegria da noite, fomos convidados para um papo de coroinhas, o que ocorreu numa enorme sala, ao lado de uma lareira, que não foi acesa por cortesia dos proprietários com a Maria José, que tem alergia por fumaça de lenha. Pensem numa sala grande e alta, na verdade, um espaço que comporta um mezanino que dá acesso a alguns cômodos do segundo andar. Pensem no Caio abrindo o verbo, ele que sempre fugiu das entrevistas do Blog dos Encontros da Easo, desta feita, talvez pelo efeito da Germana, que não tonteia, mas sobe, falou um pouco dele mesmo mostrando uma experiência de vida que daria para escrever um livro dos bons. Caio é um ótimo contador de estórias, pois coloca sempre uma boa dose de humor em seus casos. Lembrou-se do tempo em que morava em Senhora de Oliveira, MG, e em seguida de seu período inicial de vida profissional em que foi caminhoneiro e garimpeiro. Teve uma época em que ele associou-se a um primo em uma balsa e juntos percorreram as margens do Rio Piranga e do Gualaxo do Sul à procura de Ouro.  Depois de revirar muita areia, por destino ou vocação, Caio conta que finalmente firmou-se na vida profissional como especialista em minerações de grande porte e que atuou na zona metalúrgica de Minas em diversos pontos de prospecção e escavação entre Conselheiro Lafaiete, Belo Horizonte e Ouro Branco.

E assim, depois desse dia rememorável,  dormimos tranquilos pensando em montanhas, no preço das peças artísticas e no valor da amizade.


No dia seguinte, Domingo bem cedo, nos vimos novamente ao redor de uma mesa farta de quitutes e calor humano
. Logo em seguida, embora tentássemos segurá-los, Maria José e Lulu, que tinham compromissos inadiáveis com seus bichos de estimação, deixaram-nos, voltando para o seu sítio em Senhora de Oliveira.

A partir da esquerda: Auxiliadora; Conceição,
Marina , Medina, Caio, Rose e Siovani 

Ficamos à espera do Alberto que vinha de Juiz de Fora trazendo o Rafael na boleia. Quando ele ligou para o Siovani, dizendo que já havia chegado em São João e perguntando como chegar, ele não disse que não usava o gps, e recebeu indicações para chegar mais próximo, e foi logo dizendo: ok, ok, deixa comigo. O tempo foi passando e ele não aparecia. Preocupados, ligamos para ele no justo momento em que ele disse: achei a rua agora! Ele é adepto do caduco ditado “quem tem boca vai à Roma”, pois hoje “quem tem o waze vai direto à Roma”, sem necessidade de conhecer, a contragosto, um bairro inteiro, e bem grande.

Embora a costumeira alegria de recepção do nosso grupo aos recém-chegados, ficamos todos um tanto consternados ao constatar que chegaram apenas o Alberto e a Conceição, nada do prometido e aguardado Rafael, há muito desaparecido dos nossos encontros, pois a esposa dele não estava muito bem.

Na parte detrás da casa, sentamo-nos todos ao redor de uma mesa feita sob encomenda com as medidas de uma mesa de ping-pong, esperando pelo churrasco que o Siovani prometera. Aos poucos foram sendo oferecidos os petiscos entre queijos e carnes e, para arrematar, abacaxi com queijo provolone, coloridos pelas conversas divertidas que a presença do Caio sempre propicia.

O churrasqueiro













A cerveja foi consumida praticamente pelas mulheres, com um pouco de ajuda do Alberto. Todos saciados, eis que a Rose traz para a mesa um pudim de leite e um pavê de chocolate. Que dureza! Ainda ter que fazer um sacrifício extra para acomodar mais uns bocados.

Hora da arrumação: momento especial para o Caio mostrar que além de ser um prosador de primeira é também um excelente lavador de pratos.

E é chegada a hora das despedidas. Nos abraços trocados a saudade já começa a surgir por nos distanciarmos dos momentos de tanta amizade e alegrias.

Para o próximo ano, o Lua prometeu que nos levaria novamente a Nova União. Acontecendo, poderemos esperar grandes momentos assim como foram os do encontro que lá fizemos.

 

 

 

 

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Tiradentes (Ipsis litteris)


TIRADENTES                                                                   

    Alguns estudantes brasileiras na França pensaram em alcançar a Independência do Brasil com um movimento amparado pelos E.E.U.U. Destacaram-se entre eles: Domingos Vidal de Barbosa, José Mariano Leal e José Joaquim Maia.
   No Rio de Janeiro, Álvares Maciel encontrou-se com o Sr. Joaquim José da Silva Xavier, homem nobre, de célebre caráter e de modesta origem. Êste exercia a profissão de dentista donde lhe puseram o nome de Tiradentes.
   Maciel continuou seus planos para a libertação do Brasil, que os abraçou com entusiasmo. No grupo principal distinguiam: Tiradentes, a alma principal, o coronel Andrade, o poeta Inácio José de Alvarenga, o Pe. José de Oliveira Rolim e o Dr. Álvares Maciel. Notavam-se ainda: o sargento-mor Luis Vaz de Toledo Piza, Domingos Vidal Barbosa, o poeta e desembargador Tomaz Antônio Gonzada, o poeta Dr. Cláudio Manuel da Costa e o Cônego Luís Vieira da Silva.
   Em casa dos chefes reuniam os conjurados: pensavam em fundar uma universidade em Vila Rica, abrir escolas para o povo. Tôdos temiam a derrama, isto é, a exigência do impôsto atrasado. Os conjurados concordaram em fazer romper o movimento quando fôsse lançada a derrama.
   Em Minas, o vice-rei Luis de Vasconcelos de Souza prendeu os principais conjurados, e Tiradentes foi preso numa casa na rua dos Latoeiros. Os denunciados em Minas foram remetidos para o Rio: Cláudio Manuel da Costa morreu na prisão em Vila Rica.
   No dia 19 de abril, na cadeia pública do Rio de Janeiro, o Dr. Alves da Rocha entrou no oratório para ler a sentença aos réus. Eram doze os criminosos. Estavam cercados de fôrca embalada e esperavam as últimas palavras de seus destinos. A leitura da sentença durou duas longas horas. Pela sentença os infames eram condenados à fôrca  e a alguns cabia o horror de serem esquartejados e espetados em postes. Logo depois, o mesmo ministro lera a grosseira sentença, vem anunciar a clemência da rainha aos conjurados, que poupava do suplico da morte, exceto a Tiradentes.
   Tiradentes era de espírito grandemente forte. Na manhã de 21 de abril, ao despir-se, dizia: “Que o seu Redentor morrera por êle também nu”. No campo da lampadosa erguia-se um sombrio patíbulo, com 20 degraus, destinado ao memorável exemplo. Na frente da cadeia pública organizou-se a procissão com a irmandade de Misricórida e sua colegiada. Tiradentes tinha as faces abrasadas e caminhava apressado e sem mêdo com um cruxifixo que trazia à mão e à altura dos olhos. Nunca se vira tanta constância e tamanha consolação.
   É chegada a hora do suplício. Subiu ligeiramente os degraus, sem desviar seus olhos do santo crucifixo, e pediu ao carrasco para não demorar.
   Antes do suplício um dos religiosos falou: “Não atraiçoes o teu rei nem por pensamentos, porque as próprias aves levar-te-iam o sentido dêles".  Foi profunda a impressão do povo que abandonou suas casas para ver o espectáculo horroroso. As janelas estavam tôdas cheias de gente e nas praças era impossível o  movimento. As pessoas mais delicadas haviam abandonado a cidade desde a véspera pra não testemunharem a execução.
   Morto Tiradentes, esquartejaram-no e com seu sangue rescreveu-se a certidão do suplício. A cabeça do herói foi colocada num poste em Vila Rica.
  Assim morreu um mártir da Independência do Brasil
José Aureliano da Silva.
2ª. série.