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terça-feira, 18 de janeiro de 2011

A ordem de Santa Cruz (Ipsis litteris)



A ORDEM DE SANTA CRUZ
NA HISTÓRIA.
______________________
(Continuação)
III
SANTA ODÍLIA

    No ano de 1287 vivia no convento dos Crúzios, em Paris, um irmão leigo, João de Eppa, simples e inculto, mas profundamente religioso. Numa  noite apareceu-lhe uma virgem em esplendores de luz, que lhe deu a missão de ir a Colônia na Alemanha para desenterrar os seus ossos. Em consulta com o superior da casa, o irmão fêz tudo para afastar o perigo de ilusão; a aparição, porém, continuava e se apresentou como sendo Santa Odília - uma das virgens que em companhia de Santa Úrsula foram martirizadas em Colônia no tempo do rei Átila, pela fé e pela pureza. Os ossos dela estariam debaixo duma pereira, no hôrto dum certo Arnulfo. Só depois de muita resistência, o superior deixou alguns padres saírem com João de Eppa, e de fato descobriram no lugar indicado os ossos com um pergaminho, inscrito com o nome de Santa Odília, conforme os avisos da Santa, as suas relíquias foram levadas em procissão à casa-mãe da Ordem da Santa Cruz em Huy, onde Santa Odília seria a padroeira da Ordem.
   Seja qual fôr a historicidade de todos êstes acontecimentos, certo é, que o oficial do bispado de Colônia fêz uma ata da exumação dos ossos, reconhecida como verdadeira por históricos. Como a casa-mãe de Huy não existe mais, foi no ano de 1946 uma grande parte das relíquias trasnferida ao atual convento de Diest na Bélgica.
   O culto de Santa Odília é aprovado pela Igreja e, onde há igrejas dos Crúzios, há também a veneração de Santa Odília. Ela é especialmente venerada como protetora contra doenças dos olhos. A festa de Santa Odília  é no dia 18 de julho.´

IV
"STAT CRUZ, DUM VOLVITUR ORBIS"
(A Cruz está firme, enquanto o globo gira)
      A história duma ordem religiosa pode-se resumir numa luta pela sobrevivência do seu verdadeiro espírito. Gira a orbe do mundo pelos séculos, sempre apresentando novos aspectos do seu espírito. Assim a Ordem da Santa Cruz traça seu caminho pela história, inspirando-se no Cristo Crucificado. Ela procura enriquecer o corpo místico de Cristo com novas manisfetações de amor. E contra o espírito do mundo às vêzes vence, as vêzes sucumbe.
   1. A reforma dentro da ordem de 1410
   Com surpreendente vitalidade a ordem se espalhou no século treze sobre a França e a Inglaterra. Porém, as cruzadas terminaram e parece, que a falta de ideal no ministério externo causou o assombreamento do amor ao Cristo pelo amor ao mundo. Dentro dos conventos notava-se um relaxamento do  espírito genuíno dos primórdios da ordem.
   Uma nova inspiração veio dos conventos novos, fundados na região do rio Rheno e na Holanda, no século quatorze. Destacou-se entre êles o convento de Santa Ágatha. Inspirou êstes conventos da parte da Ordem o mestre-geral Pinchar, que no seu livrinho: " A Veste Nupcial" nos deixou o ideal de "seguir despido o Cristo despido". 
   Inspirou-os também, o movimento espiritual contemporâneo da Devoção Moderna, que em seus internatos propagavam uma reforma interna da Igreja. O espírito desta devoção moderna do século quatorze achou sua expressão no livrinho: " A Imitação de Cristo". Por seus valores positivos duma grande intimidade com Cristo, êsse livrinho inspirou grandes atos e dos mais ativos. Para nós, Cristãos do século vinte, que julgamos ser bastante fortes em Cristo para poder entrar no mundo, a Imitação parece às vêzes  um pouco pessimista. Aos Crúzios do século quatorze, porém, parecia um reflexo do espírito genuíno da Ordem. De outro lado mandavam os mestres exigentes da escola "moderna"   os seus alunos mais estimados aos conventos dos Crúzios. De acôrdo com êles, os Crúzios da Holanda e da região do Rheno viviam mais uma vida devota na intimidade de seus conventos. Os mais habilitados se ocupavam com o trabalho  de copiar e ilustrar livros devotos. O antigo convento de Santa Ághata ainda guarda na sua biblioteca verdadeiras obras-primas dêsse tempo.
   Quando então aconteceu, que na casa-mãe de Huy se perdeu de tal modo o bom espírito, que um mestre-geral conseguiu ser eleito por dinheiro e bons amigos, saiu a reforma da Ordem dêsses conventos novos do norte. No capítulo geral de 1410 retirou-se o indigno, voltaram os estatutos a antiga redação de 1248 e entrou um novo mestre-geral na pessoa do superior de Santa Ághata. Daqui em diante o espírito novo da intimidade com Cristo entrou também na casa-mãe de Huy e penetrou assim na vida da Ordem inteira. Até o século dezenove, porém, os Crúzios ficaram sempre com certo receio de aceitar um ministério fora da clausura dos seus conventos.
   2. O humanismo Cristão
   Uma leve mitigação de espírito de Pinchar e da Devoção Moderna encontramos no tempo do grande mestre-geral Nicolau van Haarlem (1473 - 1482). Enquanto aquêles temiam o estudo das ciências humanas, reconheceu Nicolau van Haarlem  o valor dum humanismo cristão. Os primeiros livros impressos apareciam nas livrarias dos conventos com novas idéias dum renascimento na literatura e na arte. E os religiosos mais habilitados estudavam nas universidades da Franca e da Bélgica.
                                                (continua no próximo número)
                                                 Pe. Humberto Nienhuis, OSC
                                                 oooooooooooooooooooooooo