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sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Crônicas de 1959 (Ipsis litteris)


CRÔNICAS     
    
   Correm os mêses de setembro e outubro com o céu nas mais das vêzes todo neblinado, dando-nos um aspecto chuvoso e a esperança de ver cair em breve a utilíssima chuva.
   No dia 13 de setembro foram recebidos em Campo Belo os Srs. Aloísio e Dermindo Pimental, ambos pertencentes à Universidade Católica de Minas Gerais, convidados pelo diretor do ginásio Dom Cabral para conferenciar aos alunos desta escola sôbre o ensino e a educação. Aproveitando desta oportunidade, um dêles foi também convidado pelo diretor do Seminário para falar aos seminaristas. Êle fêz duas conferências: na primeira, falou a todos os seminaristas sôbre a vocação; na segunda, explicou sòmente aos maiores o motivo porque um padre não pode formar família como outrora.
   Inaugurou-se no dia  20, na querida Campo Belo, uma livraria, fundada graças aos esforços do Revmo. Pe. Geraldo, e que possuiu aproximadamente 3000 volumes. Por motivo de doença ausentou-se por alguns tempos o diretor do ginásio, para descansar. Assim, precisou arranjar outros professores para as diversas matérias lecionadas por êle.
   No dia 27 fomos à cidade assistir ao encontro das imagens de Nossa Senhora de tôdas as capelas de Campo Belo como encerramento do mês catequético. Nesta noite, discursou o Pe. Geraldo, havendo logo após um pequeno discurso proferido pelo Vigário da paróquia em agradecimento ao padre que antes discursara.
   Dia 28 festejou-se o 80º. aniversário desta cidade. Neste dia fomos até a cidade para assistirmos ao grande desfile do qual gostamos imensamente. Em primeiro lugar houve o hasteamento dos pavilhões nacional e mineiro, depois do qual houve alguns discursos, seguidos do desfile. À frente dêste ia o Colégio Nossa Senhora Aparecida de Lavras, que se destacou por sua famosa bateria; vieram em seguida o Ginásio Dom Cabral, o Tiro de Guerra 75, o  Colégio São José, os grupos escolares e os representantes dos diversos clubes da cidade. Á tarde dirigimo-nos ao estádio do Comercial para assistirmos à empolgante partida de futebol entre o Comercial  e o Democrata de Belo Horizonte, na qual depois de muito trabalho a equipe visitante conseguiu vencer por 4 X 3.
   No dia seguinte, todos os alunos do ginásio vieram às aulas. Mas uma agradável surpresa os esperava: o diretor concedeu a êles um dia de descanso, por causa do cansaço  do dia anterior.
   Dia 2 de outubro passamos a frequentar novamente a piscina que há muito tempo não continha água e não era frequentada pelos seminaristas.
   Dia 4 de outubro, à tarde, os seminaristas apresentaram um teatro no clube de Campo Belo como encerramento do concurso das bonecas, feito em benefício do nosso seminário. A vencedora obteve 18 mil votos, e a renda dêste concurso foi de 80 mil cruzeiros.
   No dia seguinte levantamos com uma enorme ventania e à noite foi com imenso prazer que vimos descer do céu uma chuva que há muito tempo esperávamos.
    No dia 10 chegou de Belo Horizonte o seminarista Tadeu, que por motivo de doença no olho partira para lá, a fim de medicar-se, mas, pouco tempo depois de sua chegada, sentiu uma saudade tão grande que fugiu para um hotel da cidade, no qual se hospedara antes, a fim de ir para sua casa novamente. Um dos padres, porém, foi informado disto e o buscou no hotel. No dia seguinte partiu para casa.
   Dia 15, dia das missões, houve uma reunião da nossa congregação na qual o congregado Reginaldo discursou sôbre o "Catolicismo no Brasil".  Neste mesmo dia na hora do almoço, saboreamos um gostoso guaraná por ser dia de São Lucas.
Na manhã do dia 20 recebemos uma notícia desanimadora: o jornal do ginásio Dom Cabral, quando completava exatamente dois mêses de fundação, foi proibido de circular mais uma vez, pois ao invés de fazer propaganda em favor do ginásio, criticava-o de um modo não conveniente.
   Após 53 dias de "descanso”, no dia 24 à noite, os seminaristas insubordinados receberam novamente a permissão para jogar futebol. (Coitados! Tanto tempo sem bola! Red.)
                                                 Lýdio Costa Reis Filho 3a. Série

domingo, 16 de janeiro de 2011

ANCHIETA

O REPÓRTER CRÚZIO
Escola Apostólica Santa Odília.
Campo Belo. Minas Gerias          
Ano I                                           Outubro de 1958                             No. 6 
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ANCHIETA    
ANCHIETA
   No século XVI vieram para o Brasil muitos Jesuítas, e, entre eles, vemos o Pe. José de Ancheita. Veio ele com o segundo governador geral do Brasil, em 1553.
   Anchieta nasceu numa das ilhas canárias, que, desde alguns séculos antes, pertenciam à Espanha.
   Os primeiros estudos do futuro missionário foram feitos em sua terra natal, tendo por mestgre seu próprio pai. Depois de alguns anos, foi ele conduzido a Coimbra, onde foi matriculado no colégio dos jesuítas.
   Lá na famosa cidade portuguesa, famosa devido principalmente à Universidade, uma das mais célebres, o jovem canarinho continuou sua vida calma e recolhida de moço muito crente e inclinado ao sacerdócio.
   Anchieta veio para o Brasil, principalmente por causa de seu estado de saúde e também para catequizar os índios. Pouco antes dele, outros missionários jesuítas tinham vindo para o Brasil com o mesmo fim e tendo como superior geral o Pe. Manuel da Nóbrega.
   Anchieta era disposto a tudo, por amor de Deus; não tinha mêdo de nada. Quando veio para o Brasil, foi surpreendido em alto mar por tempestades, furacões e ondas que atiravam o barco para perigosos estreitos; salvou-se por milagre. Quando chegou ao Brasil, Anchieta logo pagou o benefício de Deus, mandando ao céu a alma de um indiozinho que ele batizou.
   Era um heroísmo viver naquele tempo entre os índios: ter sempre os mesmos costumes, mesmo modo de viver, mesma comida, etc. Eram incalculáveis os trabalhos dos jesuítas na defesa da liberdade dos índios e nos combates aos seus usos e costumes, como, por exemplo, a antropofagia, praticada por certas tribos. A vida dos selvagens lhes causava dó, não só pelo atraso em que se achavam, como também pelo modo com que eram explorados pelos colonos.
   Tudo isto era preciso ser combatido, para se implantar aqui, na nova terra, a civilização. Mas era preciso combater com jeito, apelando para a razão, dando bons conselhos e exemplos, procurando abrandar o coração daqueles infelizes. Seria uma grande luta, mas os jesuítas sabiam lutar.
   No dia 25 de janeiro de 1554, inaugurou-se festivamente o Colégio de São Paulo, fundado pelos jesuítas. Como era penoso para Anchieta e seus companheiros, nos primeiros tempos de vida, o colégio de Piratininga! Anchieta era, porém, a alma do colégio, a alma de Piratininga.
   Passados alguns anos, os jesuítas começaram a correr grandes perigos. Certas tribos selvagens e os mamelucos das proximidades não viam com bons olhos a nova povoação. O que eles queriam era o progresso da vida deles e, por isso, tentavam prejudicar a aldeia onde se achava o colégio. Mas os jesuítas defenderam-na, sendo protegidos pelos próprios moradores.
   Não demorou muito e estava novamente em perigo a nova aldeia: os Tamoios , índios terríveis como só eles mesmos, tramavam atacar a nova aldeia. Porém, Anchieta e Nóbrega os enfrentaram, sem uma arma sequer e vencera-nos só com a fé; sua arma era a Cruz de Cristo.
   Anchieta bem compreendia o perigo que o rodeava; qualquer coisa serviria de pretêxto para exasperar os índios. Mas Anchieta era habilidoso e apenas com palavras, fêz com que os Tamoios se esquecessem da vingança contra os colonos. Nenhum dos índios tinha coragem de apenas encostar nele. Êste acontecimento bem merece ter o nome de milagre.
   Êste santo homem não parava; ia de aldeia em aldeia, de palhoça em palhoça, de taba em taba, para converter os índios e catequizá-los.
   Anchieta era muito devoto à Maria Santíssima. Certa vez fêz um grande poema que dedicou a Ela. Que poema! Inspirado e belo, e, além disso, todos em latim!
   Foi nesse tempo que o Brasil foi invadido pelos franceses. Êstes se estabeleceram em Guanabara, mais fortes do que nunca. Estácio de Sá não dispunha de recurso para derrotá-los e expulsá-los definitivamente do Brasil. Era preciso pois, incumbir uma pessoa de confiança de ir à Bahia pedir reforços.
   Quem poderia desempenhar esse cargo? Estácio de Sá consultou o Pe. Nóbrega e êste  não teve dúvidas: mandou ordens a Anchieta para que fosse à Bahia tratar do grave caso, junto ao Governador Geral.
   Anchieta aceitou o encargo e foi à Bahia. A viagem foi penosa, sem conforto e muito incerta, quase sempre cheia de perigos. As viagens eram nesse tempo ainda muito grandes. Esta durou seis meses. Chegando à Bahia, o missionário foi muito feliz no desempenho do encargo. Depois desse sérviço que Anchieta nos prestou, reunia ainda muitos índios para lutar contra os franceses.
   Passados anos, Anchieta encontrava-se na aldeia de Iriritiba, situada cêrca de quatorze léguas da vila de vitória. O missionário, doente, alquebrado, contando com sessenta e nove anos de idade, sabia que sua morte não podia tardar. Anchieta queria morrer aqui no Brasil, aquio no Novo Mundo, aqui na sua pátria, pátria não de nascimento, mas pátria de sua vida.
   Na data de 9 de junho de 1597, morreu o grande jesuíta; seu corpo foi levado à Vila de Vitória, para ali ser sepulado.
          LÍdio Costa Reis filho
                    2ª. Série.
HONRA AOS HERÓIS DA FÉ NA INGLATERRA.
   Há pouco realizou-se uma solenidade interessante na Inglaterra.
   No século XVI, em 1535, 17 Cartuxos foram vítimas de assassinato por causa de sua fidelidade à Igreja Católica.
   Inauguraram agora um monumento que foi bento pelo arcebispo anglicano de Canterbury, na presença da Rainha Isabel II. Neste monumento lê-se: “Lembrai-vos, perante Deus, dos dezessete Cartuxo que sofreram o martírio por causa de sua fidelidade a sua consciência.”