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sábado, 5 de março de 2011

CRÔNICA DE 1961(Ipsis litteris)


     CRÔNICAS     
       Caríssimos leitores.
       Iniciando com o dia 8 de abril e terminando com 10 de junho, expor-vos-ei a vida dos seminaristas durante tal período.
       Como todos já devem ter notado, o seminário é uma associação (excluindo parte espiritual) quase completamente futebolística, o que ainda veremos.
       Após um sossegado tempo Pascal, não poderíamos deixar de aceitar o convite do Sparta para jogarmos no dia 9. Nêste dia comparecemos em campo. Ao iniciar o jôgo o seminário dominava, domínio êste que pouco durou: com choradeiras e reclamações, perdemos por 5 X 3; derrotados, atribuímos a contagem ao coitado do juiz.
       Dia 14, dia Pan-Americano ou dia de São Justino, o diretor do colégio D. Cabral concedeu-nos feriado e, aproveitando a ocasião, rumamos de caminhão para a "fazenda da Trindade". O chofer porém, não sabia (ou fingia não saber) do caminho e, consequentemente, ficamos parados muito tempo na estrada. Mas, como os seminaristas são iguais cães para farejar alimento, logo uns dêles descobriram árvores de articuns e, uma só piscada de ôlho, estávamos todos a procurá-los. Finalmente, com uma informação, conseguimos chegar à tal meta a fazenda. Aí, a 1ª. coisa que fizemos foi chupar laranjas; em 2º. plano, nadamos, comemos amendoins, etc.
       Na volta, todos estavam alegres, pois traziam consigo sacos de laranjas.
       Dia 16, por inveja, o Comercial convidou-nos a uma partida, foi um jôgo pouco movimentado e sem graça: no final ganhamos por 3 X 1, mas êles conseguiram ainda o empate (3 X 3).
       Estando marcado para o dia 21 Tiradentes - o torneio "Initium" do campeonato organizado pela União dos Estudantes católicos de Campo Belo, dividimos o seminário em duas equipes - Furacão e Sputinick - pois assim pediram. Na manhã dêste dia, apesar de o campo do Sparta estar muito molhado pelas chuvas e muito escorregadio, disputou-se o torneio. Todos os seminaristas esperavam que o Sputinick fôsse o lanterninha por ser uma equipe de gente pequena, ao passo que os outros, inclusive Furacão, era de gente de físico. Qual não foi, porém a decepção de todos ao ver os resultados... 'Sputinick', Vice-Campeão... Entretano o campeonato só teria início em maio, dia 26, por ocasião dum Grêmio Literário organizado pelas colegianas de Campo, fomos convidados a assistí-lo; mas o nosso diretor concedeu licença sòmente aos mais interessados pela música, a saber 3ª., 4ª. séries e 1º. científico. As colegianas, com a ajuda do Pe. Alberto da vila, apresentaram a música através dos tempos; iniciaram com o hino à França e terminaram com a música popular brasileira 'Brasil'.
       Dia 1º. de maio fomos disputar o campeonato, jogando contra o 'Elétricos'. Foi um jôgo sem  muito comentário: além de darmos um show de bola, adquirimos a contagem de 7 X 1.
       Sendo dia 3 a festa da Invenção da Santa Cruz, tivemos feriado do meio-dia em diante, i.é. com aulas. Mas, nós seminaristas não gostamos de ficar parados, causa pela qual fomos passear na Usina Velha. Êste dia, porém, não passou com a alegria estampada no rosto de todos.
       Para continuação do campeonato fizemos outro jôgo dia 6. Desta vez contra o Dínamo, equipe que nos deu o que fazer, como se nota pelo placar que foi de 2 X 0 sòmente.
       Por ocasião do dia das mães (12), a diretoria da nossa Congregação Mariana houve por bem fazer uma reunião, que foi realizada de manhã, logo após a Missa. O discurso, feito por um dos congregados, Antônio Edes Carrara, foi uma exaltação às nossas mães e principalmente à Maria Santíssima, Mãe do Verbo Divino Encarnado e Nossa Mãe. Até agora as reuniões estavam um pouco monótonas, mas os novatos deram outra vida: até o caçula do seminário homenageou sua mãezinha com um belo cântico próprio para as mães. Terminamos a reunião com o hino da CC. MM. cantado em comum.
       No "Maximus" daremos o máximo, diziam alguns seminaristas papudos; realizou-se, por coincidência, êste dito. Não se poderia ver tanta balbúrdia como nêste dia dentro do campo: o capitão do "Maximus" mudava tôda hora as posições dos jogadores; só no 'goal' fêz 3 ou 4 mudanças; ninguém sabia qual era a sua própria colocação... E nós aproveitando de tal confusão, fizemos 9 "goals", enquanto êles nenhum.
       Agora só faltava-nos jogar contra o "Rener" que estava ao nosso lado na invencibilidade.
       A decisão do campeonato foi marcada para o dia 17, inicialmente, estava um jôgo bem equilibrado, pois o adversário queria de todo jeito ganhar a partida e, assim, consagrar-se campeão. No segundo tempo, porém, êles começaram a reclamar do juiz, reclamação esta que ela nada lhe valeu. O seminário ganhara o campeonato com 3 X 1, enquanto o "Rener" deixava o gramado cabisbaixo.
       A pedido do Pe. Pedro, vigário de Campo Belo, fomos dia 21, cantar a Missa na Velha Matriz, e êste, como agradecimento mandou-nos um refrigerante para o almoço.
       Após o almoço, fomos a Santana do Jacaré, a fim de disputarmos uma partida, pois assim estava combinado. Antes do jogo, alguns seminaristas nadaram no rio, que estava uma geladeira. .. Na hora havia muita gente em campo... Apesar de estarmos jogando contra os melhores da cidade, o jôgo foi quase equilibrado. Finalizou-se com a nossa vitória de 6 X 1 sôbre o santanenses. Logo após o jôgo chupamos algumas laranjas da casa do Pe. João, vigário desta cidade, e imediatamente partimos de volta.
       Resolvemos, então , descansar por algum tempo. O Sparta, porém, querendo mostrar sua maior potência ao Comercial, como base no seminário, convidou-nos para outra peleja. Dia 27 disputamo-la. Foi uma partida bem movimentada apesar de jogarmos um pouco pior, que terminou com um empate (3 X 3). O último goal do Sparta, porém foi por intermédio duma penalidade nos últimos 3 minutos da etapa final.
       Dia 1º. de Junho, festa do corpo de Deus (Corpus Christi), fomos  assistir à procissão do Santíssimo. Esta procissão tem como objetivo  mostrar ao povo o Corpo Glorioso de Cristo, que é tão esquecido nos altares. Caríssimos Leitores, vocês mesmo podem julgar qual a proporção dos católicos que frequentam a mesa da Comunhão! O  número dêles é muito reduzido! Rezamos pelos católicos não praticantes, mas, além de tudo devemos dar o exemplo!
       Por ocasião do encontro regional entre as C.C.M.M de Campo Belo e Cristais, recebemos o convite para nele participar, mas o nosso diretor o recusou pedindo desculpas : íamos dar muito incômodo aos congregados de ambas as cidades e principalmente ao povo Cristalino.
       As nossas meta principal atualmente são as provas parciais e depois .... as férias.
João H. dos Santos
   4a. série