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segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Resultados escolares de 1958 (Ipsis litteris)

                                               O REPÓRTER CRÚZIO
                                             Escola apostólica Santa Odília
                                              Campo Belo, Minas Gerais.
Ano I                                           Dezembro de 1958                                  No. 7
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           Resultados escolares de 1958______
Ao início:      28 seminaristas.
ao fim   :        25 seminaristas
Admissão: 7 alunos    3ª. Série:  3     ‘’
1ª. série :   6      ‘’         6ª. série   3      ‘’
2ª. série   :  6      ‘’ 
Classificação conforme a média global
1º. Djalma Francisco Carvalho      série
2º. José Maria de C. Coelho          série              
 3º. Geraldo Hélcio Seoldo Rodr.2ª  série
4º. Gerson de Souza Teixeira        série     
5º. Reginaldo Antônio Maia          série
6º. Antônio de Ázara Maia            série              
 7º. João Henrique dos Santos      série
8º. Edison Júlio da Silva                 série     
9º. Raimundo Nonato da Costa  admissão
10º. João Cristelli Neto                  série              
 11º Benone Fernandes Bilheiro admissão
12º. José Aureliano da Silva          série     
13º. Renato Magalhães Fidelis    admissão
14º. Max J. Ordones F. de S.           série              
 15º. Antônio Araújo Bessa            série
16º. Marcos Antônio Rocha           série     
17º José Geraldo de Fr. O.           admissão
18º. Lydio Costa Reis Filho             série              
19º Antônio Edes Carraro                admissão
20º. Antônio Pinheiro Pereira      admissão     
21º. Sebastião Ans. N. Pandeló      série
22º. Alfredo Dias da Costa          admissão           
 23º. Sebastião da Silva Filho      admissão
24º. Joaquim Ivanir Gomes         admissão     
Resultado Geral
Aprovados:   16
2ª época   :     7
Reprovados:   2
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CRÔNICAS acontecimentos de 1958 (Ipsis litteris)

O REPÓRTER CRÚZIO
Escola apostólica Santa Odília
Campo Belo, Minas Gerais.
Ano I                                                              Dezembro de  1958                                                     No. 7
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CRÔNICAS

   Normalmente e sem grandes acontecimentos corre quase todo mês de outubro.
   No dia 29, porém, rejubila a Igreja, quando lhe é dado o novo supremo chefe, o Papa João XXIII, cuja coroação houve dia 4 de novembro.
   No dia 18 o nosso diretor completou mais uma primavera. Sendo um dia de provas, oferecemos-lhe pequenas homenagens durante o café da manhã. No domingo anterior levou-nos êle à Usina Nova, onde nadamos e fizemos algumas refeições. O tempo esteve bom e todos nós gostamos muito do passeio.
   Estamos em vésperas de prova, êste momento de alta tensão, de grande expectativa, em que os alunos se agitam e os professores ficam folgados. Agora êstes últimos inspiram mais mêdo e respeito, pois têm a arma terrível, a bomba que poderão atirar nos seus pupilos menos aplicados.
   Os alunos se afobam e, agora, os que eram simples freqüentadores das autas, começam a trabalhar numa faina louca.
   Mas, em vão... Não há mais tempo.
   Mesmo os estudiosos e conscientes do seu dever passam tristes momentos, à espera inquietante das provas fatais e do momento em que ouvirão os resultados. São estes os maus momentos do fim de ano. Mas ao lado dêstes, há também os momentos de grande alegria.
   Alegrias para os bons alunos, aquêles que souberam aproveitar o tempo e não deixaram para outra época o que mandava a consciência do dever.
   Alegrias para os professores, aquêles que enfrentaram os trabalhos com espírito jovem, sem se irritar; que souberam manter com os alunos uma verdadeira amizade e que, com grande compreensão e paciência suportaram os defeitos de seus discípulos; enfim, para os que aceitaram cristãmente os espinhos que a difícil missão lhes impôs.
   Haverá a alegria das férias, descanso merecido depois de tanto cansaço, na qual os seminaristas e alunos internos terão a felicidade de voltar ao lar e rever os entes queridos, há muito distantes.
   Despediu-se de nós, nos últimos dias do mês de novembro, o Pe. Cornélio, nosso professor de Inglês, Francês e Canto, que foi a Holanda, em gôzo de férias e para fazer um tratamento cirúrgico. Enquanto êle viaja, pedimos a Deus que seja feliz na viagem, nas férias e no tratamento.
   Com as últimas provas no dia 5 de dezembro, começaram finalmente as nossas férias. Todos contam agora os dias que faltam para o esperado momento de visitar os parentes.
   Dia 8 de dezembro, a festa da Imaculada Conceição. Depois da missa, na própria capela, houve a posse da nova diretoria da Congregação Mariana, pela recepção de fita. Foram empossados Antônio Bessa e Reginaldo respectivamente presidente e vice-presidente; Geraldo Seoldo e Marcos Antônio, secretário e 2º. Secretário, respectivamente. Em seguida, em nossa sala de recreio, houve nova reunião da Congregação, na qual discursou o ex-presidente Edison Júlio da Silva, que passou o cargo ao novo presidente, e em seguida José Maria, ex-secretário leu a ata da reunião anterior. Com algumas palavras do diretor se encerrou a reunião.
   A noite do mesmo dia, no Colégio São José, houve a festa da formatura e da despedida de Edison, José Maria e eu, que faremos no próximo ano o noviciado em Leopoldina.
   Na primeira parte da festa dirigiu-nos algumas palavras o nosso diretor, que aproveitou a oportunidade para agradecer aos benfeitores do seminário, aos quais foi também oferecida a festa.
   Seguiram-se dois belos discursos. O primeiro foi feito pelo nosso colega Reginaldo Antônio Maia, em nome de todos os colegas; o segundo foi feito pelo nosso professor de Latim, o Pe. Lucas, nosso paraninfo. Ambos disseram belas palavras sobre a dignidade e a beleza da carreira cuja segunda etapa a iniciaremos.
   Agradeci em seguida a todos que conosco conviveram no seminário, aos nossos bem-feitores e, em nome dos colegas, fiz também a despedida.
   Com um número de canto encerrou-se a 1ª. Parte da festa.
   Antes de iniciar a 2ª. Parte, foram oferecidos refrescos e gostosos salgados.
   Na segunda parte nossos colegas nos brindaram com duas peças teatrais. A primeira se intitula: “ As Calças penhoradas”. A segunda foi uma criação dos nossos colegas juntamente com o Pe. Marino, na qual representaram, em caricatura, os primeiros dias do seminário: os primeiros seminaristas, o nosso diretor e o prédio do seminário.
   Embora os colegas que representaram, sejam principiantes e nunca se tenham apresentado em teatro, fizeram bem e superaram tôda a espectativa, agradando até ao Pe. Luís. O que mais de admirar é que, das duas peças, agradou mais a segunda, sendo a primaria tirada de um livro. Conclui-se, pois, que temos aqui não só atores, mas também bons autores. Parabéns, meus colegas, e continuem sempre, para desenvolver as qualidades, que lhes foram dadas por Deus.
   Nos diversos intervalos tivemos bonitos números de canto por quatro seminaristas: João Cristelli, Gerson, Alfredo e João Henrique.
  Depois do último número de canto “Canção do estudante”, encerrou-se a bonita festa, com as últimas palavras do diretor do seminário, que agradeceu a todos que colaboraram na sua organização.
   Aproveitamo-nos destas crônicas para fazer aqui novamente um agradecimento ao Pe. Marino, aos colegas, em particular ao Reginaldo, pelas suas belas palavras que nos dirigiu, e ao Pe. Lucas, de quem ouvimos também uma bela oração de paraninfo, às Irmãs do Colégio São José e a todos aquêles que estiveram presentes a nossa festa. Levamos para o Seminário Maior a grata recordação dêsse dia festivo em que mais uma vêz êstes  de quem agora nos separamos, mostraram a grande amizade que nos têm.
                                                                              Moacir Borges Beleza
                                                                                              6ª. Série
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AOS LEITORES
FELIZ NATAL
E
PRÓSPERO ANO NOVO
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A vida de um Missionário - visão de 1958 (Ipsis litteris)

O REPÓRTER CRÚZIO
Escola apostólica Santa Odília
Campo Belo, Minas Gerais.
Ano I                                           Dezembro de 1958                                                                         No. 7
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A vida de um Missionário

   Vivia em Borken um casal muito piedoso. O homem chamava-se João Geraldo Neuhaus e a mulher chamava-se Cristina Haddick.
   Tiveram eles quatro filhos e, entre eles, havia um muito piedoso, Henrique, que queria ser sacerdote.
   Borken, a paróquia em que nasceu e se criou, é dos mais antigos distritos cristãos do lado direito do Reno. Banhada pelo Rio Aa e por muitos ribeiros, começou como antiga colônia germânica.
   Henrique não morava no centro da cidade, mas numa povoaçãozinha  que pertence a ela, chamava Grutholn. Esta povoação, que possui cêrca de 560 habitantes, é toda católica. Seus habitantes viviam da agricultura. A escola de Grutholn, até pouco tempo, só tinha um professor: o de Henrique. A viagem para os pequenos Neuhaus, da casa paterna à escola de Grutholn, era pequena: gastavam-se, no máximo, dez minutos; para percorrer a distância até a igreja matriz, porém, havia 3,7 quilômetros.
   Aos domingos o pai obrigava seus filhos a assistir à Missa e, quando chegavam em casa, tinham de contar o que o padre falara na pregação. Corria o ano de 1870, quando chegou a ocasião de o menino Henrique começar a estudar e, a cada passo, aumentava a sua vocação para o sacerdócio. Com treze anos fez a sua primeira Comunhão – naquela terra era costume fazer a primeira Comunhão com essa idade.
   Certo dia, depois da missa, Henrique foi falar ao padre que tinha um grande desejo de ser sacerdote e queria o mais breve possível entrar no seminário. Nesse tempo, já tinha feito o seu estudo do grupo e do ginásio. O padre vigário combinou com o pai dele e foi saber de seus professores a sua aplicação e seu comportamento. Informaram-no de que era um menino estudioso, aplicado em tudo e, finalmente, um santo. Levou-o para o seminário, onde os padres e os seminaristas simpatizaram com ele.
   Terminado o noviciado, recomeçaram-se os estudos em regra: a filosofia e teologia. Frei Rogério – assim passou a chamar-se – fêz os votos simples, isto é, para três anos, no dia 24 de maio de 1885; os votos solenes, para a vida tôda, em Bleyerheide, nas mãos de Frei Antônio.
   Frei Rogério continuou sempre feliz e obediente no seminário. Chegou finalmente o dia de realizar o seu grande ideal de ser ministro de Deus. Foi ordenado no dia 7 de agôsto de 1890, e recebeu aprovação para cura d’almas só em 21 de outubro do ano seguinte, quer dizer, poucos dias antes de sua viagem para o Brasil, sua nova pátria.
   Passava o Brasil nesse tempo por uma fase religiosa bem difícil.
   No ano seguinte à sua ordenação Frei Rogério e mais sete frades foram nomeados para o Brasil. Chegaram os oitos padres ao Brasil, em Santa Catarina, onde o superior mandou Frei Rogério para um dos arraiais do estado. Não sabendo falar direito o português, custou a se acostumar com o povo dêsse lugar. 
   Sendo um lugar sem recursos, nem caminho direito tinha o arraial para que se buscasse qualquer coisa na cidade; o caminho que lá havia, mal servia para carro de boi.
   Frei Rogério era vigário dêsse arraial. As vêzes o pobre frei passava noites inteiras e chuvosas, para ir à casa dos doentes. Num lugar daquele, que nunca viu padre, as pessoas mal eram batizadas. Essas pessoas viviam a pear e o pobre frei atrás da salvação de suas almas.
   Algumas estavam para morrer e não queriam receber a Extrema-unção. Já estavam nas mãos do demônio e começavam a chingar o frei, querendo até bater nêle.
   Muitas e muitas vêzes ia êle à casa de alguns paroquianos para benzê-la, porque tinha um filho atentado. Havia também nesse arraial muitos mações que viviam a brigar com o frei, querendo obriga-lo a fazer o entêrro de maçons que morriam.
   Um dia, num domingo à tarde, foi ele ao convento, em Santa Catarina, visitar o superior e lá ficou uns dias. Êste desconfiado de sua saúde pela magreza e por uma tosse esquisita, mandou que êle  fizesse uma consulta médica. Chegando ao hospital, os médicos descobriram que êle estava tuberculoso.
   Mais tarde morria o frei com essa doença, no mesmo hospital.
                                                                                                              Sebastião A. N. Pandeló
                                                                                                                             2ª. série

domingo, 16 de janeiro de 2011

ANCHIETA

O REPÓRTER CRÚZIO
Escola Apostólica Santa Odília.
Campo Belo. Minas Gerias          
Ano I                                           Outubro de 1958                             No. 6 
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ANCHIETA    
ANCHIETA
   No século XVI vieram para o Brasil muitos Jesuítas, e, entre eles, vemos o Pe. José de Ancheita. Veio ele com o segundo governador geral do Brasil, em 1553.
   Anchieta nasceu numa das ilhas canárias, que, desde alguns séculos antes, pertenciam à Espanha.
   Os primeiros estudos do futuro missionário foram feitos em sua terra natal, tendo por mestgre seu próprio pai. Depois de alguns anos, foi ele conduzido a Coimbra, onde foi matriculado no colégio dos jesuítas.
   Lá na famosa cidade portuguesa, famosa devido principalmente à Universidade, uma das mais célebres, o jovem canarinho continuou sua vida calma e recolhida de moço muito crente e inclinado ao sacerdócio.
   Anchieta veio para o Brasil, principalmente por causa de seu estado de saúde e também para catequizar os índios. Pouco antes dele, outros missionários jesuítas tinham vindo para o Brasil com o mesmo fim e tendo como superior geral o Pe. Manuel da Nóbrega.
   Anchieta era disposto a tudo, por amor de Deus; não tinha mêdo de nada. Quando veio para o Brasil, foi surpreendido em alto mar por tempestades, furacões e ondas que atiravam o barco para perigosos estreitos; salvou-se por milagre. Quando chegou ao Brasil, Anchieta logo pagou o benefício de Deus, mandando ao céu a alma de um indiozinho que ele batizou.
   Era um heroísmo viver naquele tempo entre os índios: ter sempre os mesmos costumes, mesmo modo de viver, mesma comida, etc. Eram incalculáveis os trabalhos dos jesuítas na defesa da liberdade dos índios e nos combates aos seus usos e costumes, como, por exemplo, a antropofagia, praticada por certas tribos. A vida dos selvagens lhes causava dó, não só pelo atraso em que se achavam, como também pelo modo com que eram explorados pelos colonos.
   Tudo isto era preciso ser combatido, para se implantar aqui, na nova terra, a civilização. Mas era preciso combater com jeito, apelando para a razão, dando bons conselhos e exemplos, procurando abrandar o coração daqueles infelizes. Seria uma grande luta, mas os jesuítas sabiam lutar.
   No dia 25 de janeiro de 1554, inaugurou-se festivamente o Colégio de São Paulo, fundado pelos jesuítas. Como era penoso para Anchieta e seus companheiros, nos primeiros tempos de vida, o colégio de Piratininga! Anchieta era, porém, a alma do colégio, a alma de Piratininga.
   Passados alguns anos, os jesuítas começaram a correr grandes perigos. Certas tribos selvagens e os mamelucos das proximidades não viam com bons olhos a nova povoação. O que eles queriam era o progresso da vida deles e, por isso, tentavam prejudicar a aldeia onde se achava o colégio. Mas os jesuítas defenderam-na, sendo protegidos pelos próprios moradores.
   Não demorou muito e estava novamente em perigo a nova aldeia: os Tamoios , índios terríveis como só eles mesmos, tramavam atacar a nova aldeia. Porém, Anchieta e Nóbrega os enfrentaram, sem uma arma sequer e vencera-nos só com a fé; sua arma era a Cruz de Cristo.
   Anchieta bem compreendia o perigo que o rodeava; qualquer coisa serviria de pretêxto para exasperar os índios. Mas Anchieta era habilidoso e apenas com palavras, fêz com que os Tamoios se esquecessem da vingança contra os colonos. Nenhum dos índios tinha coragem de apenas encostar nele. Êste acontecimento bem merece ter o nome de milagre.
   Êste santo homem não parava; ia de aldeia em aldeia, de palhoça em palhoça, de taba em taba, para converter os índios e catequizá-los.
   Anchieta era muito devoto à Maria Santíssima. Certa vez fêz um grande poema que dedicou a Ela. Que poema! Inspirado e belo, e, além disso, todos em latim!
   Foi nesse tempo que o Brasil foi invadido pelos franceses. Êstes se estabeleceram em Guanabara, mais fortes do que nunca. Estácio de Sá não dispunha de recurso para derrotá-los e expulsá-los definitivamente do Brasil. Era preciso pois, incumbir uma pessoa de confiança de ir à Bahia pedir reforços.
   Quem poderia desempenhar esse cargo? Estácio de Sá consultou o Pe. Nóbrega e êste  não teve dúvidas: mandou ordens a Anchieta para que fosse à Bahia tratar do grave caso, junto ao Governador Geral.
   Anchieta aceitou o encargo e foi à Bahia. A viagem foi penosa, sem conforto e muito incerta, quase sempre cheia de perigos. As viagens eram nesse tempo ainda muito grandes. Esta durou seis meses. Chegando à Bahia, o missionário foi muito feliz no desempenho do encargo. Depois desse sérviço que Anchieta nos prestou, reunia ainda muitos índios para lutar contra os franceses.
   Passados anos, Anchieta encontrava-se na aldeia de Iriritiba, situada cêrca de quatorze léguas da vila de vitória. O missionário, doente, alquebrado, contando com sessenta e nove anos de idade, sabia que sua morte não podia tardar. Anchieta queria morrer aqui no Brasil, aquio no Novo Mundo, aqui na sua pátria, pátria não de nascimento, mas pátria de sua vida.
   Na data de 9 de junho de 1597, morreu o grande jesuíta; seu corpo foi levado à Vila de Vitória, para ali ser sepulado.
          LÍdio Costa Reis filho
                    2ª. Série.
HONRA AOS HERÓIS DA FÉ NA INGLATERRA.
   Há pouco realizou-se uma solenidade interessante na Inglaterra.
   No século XVI, em 1535, 17 Cartuxos foram vítimas de assassinato por causa de sua fidelidade à Igreja Católica.
   Inauguraram agora um monumento que foi bento pelo arcebispo anglicano de Canterbury, na presença da Rainha Isabel II. Neste monumento lê-se: “Lembrai-vos, perante Deus, dos dezessete Cartuxo que sofreram o martírio por causa de sua fidelidade a sua consciência.”

sábado, 15 de janeiro de 2011

AS MISSÕES NO BRASIL (Ipsis litteris)

O REPÓRTER CRÚZIO
Escola Apostólica Santa Odília. Campo Belo. Minas Gerais
Ano I                                                             Outubro de 1958                                               No.    6
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                                            AS MISSÕES NO BRASIL                                           

   Sendo o mês de outubro um mês dedicado às Missões e principalmente hoje, terceiro domingo, quero aqui relembrar as fadigas que o missionário suporta em meio a tantos milhares de outros sacrifícios, e os bens que as Missões fazem e fizeram ao Brasil.
   O interior de nosso país, assim como o litoral, que hoje pertence à Religião Católica, foi inteiramente conquistado pelas Missões que ainda trabalham em Mato Grosso e Goiás, às voltas, ora com índios, ora com garimpeiros.
   São as Missões expedições organizadas pela mão de Deus, com o fim de ir à procura das ovelhas extraviadas do rebanho divino, sacrificando-se e sofrendo pelos infelizes filhos da selva, pela sua salvação. No Brasil destacam-se grandemente os trabalhos que elas têm prestado aos selvícolas, espiritual ou materialmente; ou à Santa Igreja, alargando cada vez mais o vasto Campo e rasgando novos horizontes, com seu suor e sangue, amparadas por Deus. O campo missionário no Brasil é tão vasto como a Suiça, Itália, Bélgica e Holanda unidas.
   Os componentes destas expedições fazem grandes sacrifícios, como: o abandono da pátria amada, do lar paterno, dos parentes e amigos, do bom redil, para conquistar o ignorante da verdadeira fé. As Missões sofrem muitos motejos por parte dos protestantes, mas não desistem do ambicionado ideal, de salvar almas.
   Os missionários devem ter espiritualmente muitos ofícios que são praticados corporalmente, como o exemplo: imunizar, como médico as almas, dos micróbios da corrupção; como mestres, privar os pupilos da ignorância; como agricultores, abrir o sulco e descansar o arado, para fertilizar as almas e semear o Pão da Vida; como engenheiros, fazer e fortificar com bases fortes as cidades de Deus.
   Às orlas de certos rios, como o Araguaia, o Das Mortes, índios chavantes e carajás, assim como os bororos, já cristãos em alguns lugares, sob a influência de satanás, ainda esperam quem por eles vele e peça junto a Jesus. Por estes, assim como pelos garimpeiros, muitos missionários estrangeiros e patrícios, deram para Cristo a vida, e juntaram ao do Senhor no cálice, seus sangue martirizados pelos índios que, incrédulos e ignorantes da finalidade dos catequizadores, preferiram continuar sua vida incasta e pecaminosa.
   Se nós, jovens, providos de um ardente amor às Missões e às almas dos aborígenes, por motivos de saúde, não podemos participar das missões, se rezarmos, se dermos esmolas e se nos sacrificarmos, tudo pelo amor e conquista das almas, embora de longe, seremos também apóstolos e missionários.  
   Para celebrizar ainda mais a vida missionária no Brasil, não poderia deixar de contar aqui o martírio de dois padres salesianos:
   Corria o ano de 1934. É o dia primeiro de novembro. Pe. Pedro Sacilotti e Pe. João Fuchs, assim chamados, martirizados às margens do Rio das Mortes foram avisados, por um explorador, de que a uns cinco quilômetros de Santa Teresinha, sítio onde moravam os missionários, nome este dado por ser ela a padroeira das Missões, estavam às margens do Rio das Mortes canoas Chavantes, usadas para atravessar o rio. Sabendo disso, os missionários, mais cinco companheiros, desceram o rio e, mais ou menos nas proximidades indicadas pelo explorador, encontraram as canoas. Pe. Sacilotti, ao ver as canoas, procurou avistar os índios, enxergando apenas dois junto a um alto barranco, pescando. Talvez fôssem eles armadilhas dos terríveis Chavantes  para matar os dois missionários já por eles perseguidos há muito tempo. Pulou da embarcação com um outro companheiro, o Pe. Sacilotti, e os índios, logo avistados, correram para junto de seus companheiros.
   Ao subir o barranco, nada mais avistaram senão pegadas dos chavantes, mas ao chegar à floresta, estas desapareciam. Trepou numa árvore o corajoso missionário brasileiro, e avistou debaixo de alguns arbustos uns cinquenta índios que lhe fizeram sinais que significavam não dever aproximar-se. Mas ele, chamando o resto dos companheiros, quis ir para o lugar onde estavam os indígenas. Mas, antes disso, preveniu-os dizendo: Eu e o Pe. João estamos prontos para morrer. Se tiverdes coragem ficai, se não, fugi, contanto que não façais uso de armas.
   O resto dos homens voltou para a embarcação, para buscar presentes, mas, ao subir o barranco, ouviram os Padres Sacilotti e Fuchs, ambos com um crucifixo e um rosário nas mãos, gritar: “Os chavantes atacam!” Todos os outros correram para a lancha. Um Holandês correu a buscar sua winchester automática e encheu os bolsos de balas e subiu o barranco, permanecendo ali duas horas seguidas e gritando de quando em quando: “Pe. Pedro, Pe. João!” O eco respondia, mas eles não.
   Na manhã seguinte, a uns quinhentos metros da ribanceira, encontram os dois corpos dos valorosos missionários estirados ao chão. Pe. Fuchs tinha o crânio fraturado; Pe. Pedro tinha os dentes e um braço quebrados, assim como uma ferida na testa. No chão não se encontravam cacetes, nem lanças. Repousaram os cadáveres num buraco feito às margens do Rio das Mortes, no barranco, com ambas as cabeças viradas para a correnteza do Rio, parecendo querer ouvir por mais uma vez o murmúrio do caudaloso rio. Eis a história de dois grandes missionários, que contei para ilustrar estas palavras de louvor às missões. A eles e a todos os missionários, rendamos a nossa admiração e peçamos a Deus nas nossas orações, que por eles vele, que os proteja e que, enfim, dê mais homens para abraçar a espinhosa, mas bela tarefa das Missões.
(discurso no Domingo das Missões)
Marcos Antônio Rocha 2ª. Série.

Crônicas: estão de férias os seminaristas (Ipsis litteris)

      O REPÓRTER CRÚZIO
Escola Apostólica Santa Odília. Campo Belo,
Minas Gerais
Ano I              Agosto de 1958                                                                  No. 4
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CRÔNICAS
       Estão de férias os seminaristas da Escola Apostólica Santa Odília.
       Mas o nosso seminário é diferente dos outros, porque durante estas férias (meio do ano) os seminaristas em geral estão em casa e o seminário permanece num verdadeiro silêncio e em completa escuridão. Enquanto o nosso vive um tempo feliz, todo cheio de alegria, porque continuamos nele, ansiosos, com as orelhas “bem em pé”, para ver se ouvimos falar em algum passeio às fazendas, para chupar laranjas, ou passar alguns dias em outra cidade.
       O mais interessante durante as férias são aquêles montinhos de seminaristas, sentados no chão ou em frente da sala de recreio, conversando sobre diversos assuntos. Se a agente quiser que passe ligeiro o tempo, é só fazer êsses montinhos. É aí que se ouve um Português falado de diversas maneiras. Durante esse tempo, pode-se fazer um dicionário de muitas e muitas páginas, mas em que cada palavras só há um significado, e, empregado ainda no sentido figurativo. E olhe lá! Para interpretá-la, precisa-se pensar bastante. Uma vez, falando um padre de poços artesianos, que estavam cavando na cidade, um da turminha dos que estavam sentados, perguntou onde estavam êsses poços “salesianos”. Outra vez, falando-se de escrever à máquina de datilografar, disse que queria aprender “tocar” máquina. Isto é até muito bom, para a gente rir e descansar um pouco a cabeça dos estudos.
— Zé, o que aconteceu naquela fazenda aonde fomos chupar laranjas?
— Houve um caso muito interessante.
— Qual foi?
— Ora, mané, vou contar-te.
       Havia nessa fazenda um pé de laranjas muito boas, que a Dona Maria nos proibiu de chupar. Então, o Pe. que foi conosco, que gosta muito de brincar, disse-nos que não mexêssemos na árvore proibida, senão iríamos “expulsos do paraíso”. O chico, que “não é sopa”, tirou uma laranja da árvore proibida e o Pe. começou a correr atrás dele, para tomar a laranja e expulsa-lo, mas o “Adão” correu muito e o Pe. não o alcançou. Isto foi uma farra no paraíso.
— O que houve mais de importante?
— Dona Maria nos disse que havia um lago, lá para trás da casa, no qual ela achava que a gente podia nadar. Juntamo-nos todos, cada um com o seu saco de laranjas, e fomos ver se ele era bom para a gente nadar. Ninguém viu o fundo do lago, porque era muito sujo, mas, assim mesmo, uns três ainda nadaram. Muitos outros não nadaram porque não levaram calção. Só alguns pequeninos, viciados em futebol, que já andavam de calção.  
       Quinze dias de férias em Santana: de onze a vinte e cinco de julho. Que dias felizes! Êstes foram vividos e sentidos por nós. Não desperdiçamos um só minuto. Êstes nos deixaram mais novos, com mais disposição e com mais coragem para enfrentarmos as aulas e para continuarmos a caminhar nesta estrada tão longa e tão difícil, em busca do ideal, maior e o mais sublime: o sacerdócio. Mas, depois que alcançarmos esse ideal, seremos os heróis do mundo.
       Só houve uma coisa que não preocupou as nossas empregadas em Santana: arranjar água para bebermos, porque não passávamos nem meia hora sem chupar laranja, e, assim, não tínhamos sêde.
       Estas férias em Santana até nos deram o gôsto pelo voleibol, que ainda não tinha brotado no nosso meio. Jogamos muito lá e foi o primeiro esporte que praticamos quando voltamos.
       Se alguém nos perguntar quais foram os passeios de que mais gostamos, é claro que responderemos logo, e sem receio de errar: foram aquêles nas fazendas em que fomos almoçar ou jantar. Olhe bem: tomamos vinho e até conhaque nessas refeições. Só faltava pinga. Quem não gostaria? Acho que ninguém ficou tonto, graças a Deus. Isso seria muito feio. Ficou-se mais alegre; quem estava com frio ficou um pouquinho de calor, sòmente.
       O povo de Santana admiradíssimo ficou conosco. Ora, tinha razão. Preste bem atenção: íamos a umas fazendas de oito até nove quilômetros de distância da cidade, para chupar laranjas. Chegando lá, chupávamos até a barriga esticar o mais que podia, e ainda cada um voltava com quase meio saco de laranjas. Pensando bem, meditando bem no assunto, somos, deveras, corajosos. O dono de uma fazenda nos reservou vinte litros de leite. Mas, ainda que cada um tomasse três ou quatro copos, não houve jeito de darmos cabo do leite. Na verdade, nossas barrigas são bem grandes mas havia muito leite; Também havia biscoito e muito. Biscoito é o que mais sobra na roça. Pode faltar tudo, mas o biscoito não falta.
       Até ao cinema fomos em Santana. Mas houve um grande perigo: numa das vezes, começou o filme e olhávamos atenciosamente para a tela, quando se nota um alvoroço dentro do cinema. Foi a força elétrica que aumento e a fita pegou fogo. Na carreira em que fomos saindo do cinema, quebraram-se muitas cadeiras; uns quebraram a perna, outros saíram machucados e um seminarista fêz um “galo” na cabeça. Para quem estava fora, foi bonito o espetáculo. O povo mergulhava da porta à estrada, como quem mergulha num rio qualquer.
       É de admirar: os queridos times de Santana não nos convidaram para jogar com eles. Acho que ficaram com muita vergonha no princípio do ano e tiveram mêdo de apanhar novamente. O time do seminário é o segundo “Galo” da cidade.
       Voltamos em paz das férias e com as graças de Deus estamos novamente estudando.
       Antes de começar as aulas, fizemos um retiro de três dias, fazendo um exame de consciência de todo o passado: se realizamos o que devíamos realizar. Três dias de recolhimento, falando só com Deus. Todo e qualquer homem precisa de silêncio.
       O retiro foi pregado pelo Revmo. Pe. Artur de Haan. Neste retiro, ele nos falou sobre as principais virtudes; algumas delas são a humildade e a caridade. Começamos o retiro com o “Veni Creator, pedindo  que o Espírito Santo nos iluminasse para fazermos um bom retiro. Terminamos recebendo a Benção Papal, dada pelo Pe. Artur. Todos nós gostamos muito do retiro, pois até pedimos que ele mesmo pregasse o próximo. O bom retiro depende de nós, pela parte espiritual, mas as pregações serão bem aproveitadas conforme o pregador.
                                 Antônio Araújo Bessa
                                      3ª. Série
Na aula
Prof:  — Qual é o  feminino de cão?
Aluno distraído: — Baroneza.
Porf:   — Qual o ato muito importante de  D. João  quando chegou no Brasil?
Aluno:  — Ato de pirataria.
Um aluno chegando em casa:
— Nossa escola não vale nada. Os professores não sabem nada. Eles perguntam tudo aos alunos.

Osvaldo Cruz (Ipsis litteris)

  O REPÓRTER CRÚZIO _________________________________________________________________________________
Escola Apostólica Santa Odília. Campo Belo,
Minas Gerais
Ano I              Agosto de 1958                                                                  No. 4­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­
­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­OSVALDO CRUZ
Antes de começar a contar o que nos fêz este grande homem, quero primeiro narrar alguns fatos que se deram antes. Em 1808 chegou a família real ao Brasil e todos os portos foram abertos. Mas um grande flagelo veio para o Brasil: a febre amarela. Desde então nenhum navio se aproximava mais do Brasil e todos passavam de largo.
Em 1872 nasce em São Luiz de Paraitinga, em São Paulo, Osvaldo Cruz. Recebeu, com dezenove anos, o diploma de Medicina, mas, sendo obrigado a continuar mais anos no instituto, não gostou, porque gostava de estudar a microbiologia. Então, fundou para se um laboratório, mas não se desenvolvendo aí os seus conhecimentos, tomou um transatlântico e partiu para Paris, o centro da ciência e se instalou no instituto Pasteur. Pouco tempo depois voltou e começou a trabalhar em São Paulo.
Tendo a febre atacado demais no Brasil, as autoridades pediram um cientista ao Instituto Pasteur. Então, mandaram um. Mas este, chegando aqui, viu Osvaldo Cruz entre todos que o esperavam, e, conhecendo-o, disse que poderia voltar, pois Osvaldo era um grande cientista. As autoridades fundaram o instituto e o entregaram a Osvaldo Cruz.
Pouco a pouco a ciência foi-se desenvolvendo e os trabalhos e soros do laboratório ficaram afamados. Era preciso combater a febre, porque muitos morriam e nenhum estrangeiro vinha ao Rio e dizia-se que ir lá era um suicídio. Então, o Presidente Rodrigues Alves contratou Osvaldo Cruz para o grande trabalho, pois sabia ele que a doença vinha de um mosquito chamado fasciatus.
Osvaldo prometeu que em três anos a febre sairia do Rio, se lhe dessem o de que necessitava. Para começar, Osvaldo mandou aos homens da saúde Pública matar esses mosquitos. Mas muita gente despeitada não queria êsses homens em sua casa, para matar os mosquitos. Também era obrigado vacinar contra a varíola, mas alguns invejosos disseram que os médicos não sabiam vacinar e até matavam e traziam doenças a muitos. Por isso, invadiram o Palácio do Catete para depor Rodrigues Alves, que estava apoiando Osvaldo. Mas aas forças fiéis ao Presidente conseguiram dominar os revoltosos e, com isso pôde Osvaldo continuar seus trabalhos, com grandes resultados.
Depois de muito trabalhar, a média dos que morriam no Rio era a seguinte:
Em 1902 houve 984 óbitos por febre amarela. Em 1903 registraram-se 584, em 1904 apenas 48; em 1906: 39 e em 1908 sòmente 4. Nos anos seguintes nenhum caso se deu de febre amarela.
Vê-se assim que Osvaldo cumpriu sua promessa.
Depois de acabada a febre no Rio, foi chamado a todos os estados que tinham essa moléstia e acabou com ela em todos.
Osvaldo não foi honrado somente no Brasil, mas em toda a América. Morreu no dia 11 de fevereiro de 1917 e todo o Brasil cobriu-se de luto pelo seu grande benfeitor, e o Instituo em que trabalhou, hoje chamado Osvaldo Cruz, é um dos melhores do Brasil.
                                                                                                                                                      Antônio de Ázara Maia
                                                                                                                                            1ª. 1a série.

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Comentários e ilustrações do editor sobre O REPÓRTER CRÚZIO


Foto 151. Ano de 1953. A partir da esquerda: José Maria de Carvalho
 Coelho, Argentino Conceição Silva, Padre Marino, Edison Júlio da Silva, João Moreira de
Oliveira (Janjão), padre Lucas Boer.
 O Jornalzinho o Repórter Crúzio já começa a ajudar na composição da história que nos toca. Nota-se que a foto 151 bate com a descrição feita pelo José Maria Carvalho Coelho, na primeira crônica, em que  ele diz: "O seminário começou, então, com dois padres: Pe. Marino, diretor, Pe. Lucas, e 4 seminaristas: Edson, João, Argentino e José Maria". Usamos, então, a Internet e perguntamos a alguns ex-seminaristas, dos anos 1950, quem era quem nessa foto. O Seoldo identificou três, o quarto, por dedução. O João Moreira de Oliveira (Janjão) identificou o Argentino com nome e sobrenome.
Foto 152  O futebol das quartas-ferias, em 1953
 Noutro trecho da mesma crônica, José Maria diz: "O futebol, as quartas-feiras, consistia em uma “modesta peladinha” de 4, às vezes, de 5 elementos: dois na linha, um para cada time, e, do mesmo modo, dois no gol". Parece que  o autor retrata, nesse trecho, o que a foto 152 nos revela com a imagem: quatro numa modesta "peladinha" e o quinto, padre Marino, para reforçar o time. Não podemos afirmar que o prédio de varanda seja a casa a que ele se refere, mas esperamos que nossos exegetas façam comentários a este respeito.




quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Crônicas dos primeiros cinco anos do seminário (Ipsis litteris)

      O REPÓRTER CRÚZIO
Escola Apostólica Santa Odília. Campo Belo,
Minas Gerais
Ano I              Agosto de 1958                                                                  No. 4­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­
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                CRÔNICAS 
dos primeiros cinco anos
Esta crônica não é mais do que um resumo do que se passou neste seminário, desde a sua fundação.
Corria o mês de março de 1953, quando, sendo superior regional dos Padres Crúzios o Revmo.  Pe. Sebastião Sweerts e substituto do mesmo o atual e querido Pe. Martinho Arntz, inaugurou-se esta escola, cuja única e santa finalidade é educar e formar futuros sacerdotes crúzios. O prédio, no qual começou a funcionar o seminário era aquela casa velha, ali do lado esquerdo da casa paroquial. O seminário começou, então, com dois padres: Pe. Marino, diretor, Pe. Lucas, e 4 seminaristas: Edson, João, Argentino e José Maria.
Assistíamos às aulas no Ginásio, como ainda hoje, exceto ao latim “apertado” do Pe. Lucas e as matérias de Religião do Pe. Marino.
O futebol, as quartas-feiras, consistia em uma “modesta peladinha” de 4, às vezes, de 5 elementos: dois na linha, um para cada time, e, do mesmo modo, dois no gol. Aos sábados, porém, o futebol era mais animado, pois jogávamos com os meninos da Cruzada Eucarística.
O Côro de cantores não havia ainda, pois era impossível. Assim viveu-se até que acabasse 1953 e viesse 1954, 2º ano do seminário.
Por causa do aumento dos seminaristas, o seminário ficou dividido em dois prédios: a antiga casa, que ficou sendo apenas refeitório e dormitório, e uma outra, “mais velha ainda”, bem pegada ao Ginásio, e para lá foi então transferida a sala de estudo e recreio.
Agora tudo tornou-se mais animado: divertimentos em geral e principalmente o coro, que teve sorte neste ano, mais do que nos posteriores, pois dez dos doze tinham jeito para a música.
Nasceu nesta época o nosso time, que ainda não era invencível, como hoje. Mais um padre veio colaborar conosco na quêle ano: Pe. Clemente. Deste modo continuamos até o princípio de 1955.
24 meninos foi o total com que começamos o 3º. ano do seminário. Aí sim! Já podíamos formar dois times para o treino, e também o côro progrediu. Foi fundado, então, a Congregação mariana que consta atualmente de 18 membros, inclusive os aspirantes. Realizou-se em 1955, pela primeira vez, um retiro espiritual de três dias pegado pelo Revmo Pe Alberto Fuger.
Com um novo diretor Pe. João Van Grunsven, que veio substituir ao Pe. Marino, durante suas férias na Holanda, iniciamos 1956. Nêste ano deixamos o ribeirão, que estávamos às vezes frequentando, e passamos a nadar na piscina da praça de Esportes. O retiro espiritual dêste ano foi pregado pelo Revmo Pe Martinho, digno superior regional dos Padres Crúzios. No fim do ano, em outubro, deu-se o regresso do Pe. Marino, que retornou o cargo de diretor, e o Pe. João, muito esgotado, foi para Belo Horizonte, onde restabeleceu-se e já está aqui novamente, como vigário cooperador.
Começamos 1957 aguardando a chegada de mais um padre que viria para o seminário; era o paciente e bondoso Pe José, de cuja bondade abusamos demasiadamente e ele, do meio do ano em diante, continuou apenas lecionando. Neste ano ocorreu a esperada e adiada mudança para o novo ginásio. Ela se deu a 22 de julho. As dificuldades, proporcionadas pela mudança, não nos permitiram o retiro espiritual. A inauguração oficial do ginásio aconteceu no inesquecível 28 de agosto, que reuniu aqui em Campo Belo, pela primeira vez, 16 padres crúzios.
Depois que passamos para o ginásio novo, Pe. Humberto e Pe. Justino  passaram a trabalhar também no seminário.
Em 1958 Pe. Justino parou de trabalhar no seminário, e está estudando em Belo Horizonte. Pe. Cornélio, atualmente, de vêz em quando fica no estudo.
Finalmente, quanto ao número de seminaristas, já entraram 62, e saíram 37, havendo pois presentes: 25. Eis o resumo:
Comêço de:          antigos         novatos                             total 
1953                             0                 4                                     4
1954                             4                 9                                    13
1955                            10              14                                    24
1956                            17                 6                                    23
1957                             13              16                                    29
1958                             15               13                                   28
                                José Maria de Carvalho C.                                       
                                                           6ª. Série