domingo, 30 de setembro de 2012

Nova União aqueceu nosso IV Encontro

Sexta-feira, 14/09/12. A tarde já ia adiantada quando tomamos o carro para seguirmos para Nova União, local de nosso IV Encontro, o primeiro a se realizar longe de Campo Belo. As expectativas de um encontro diferente brincavam em nossas cabeças enquanto cruzávamos a cidade, morosamente, para atingir a estrada. E a estrada chegou junto com a noite, deixando-nos mais cuidados para percorrer os não muitos quilômetros da temida BR-381.

Na entrada de Nova União o Zeta Hotel já nos recebeu com alegria, pois ali encontramos os primeiros amigos na portaria, preenchendo as fichas de registro. Tomamos posse de nosso quarto e, ligeiros, nos dirigimos para a futura Pousada Pé de Banana, onde o nosso queridoWalter Caetano, o Lua, com a assistência de sua esposa Shirley, ou seria o contrário, preparara a nossa recepção.

Chegam uns, trazem outros, e breve o salão estava totalmente tomado. Um sanfoneiro fora trazido pelo Lua para esquentar os abraços de reencontro. Nessa noite, três novos encontristas nos alegraram com suas presenças: o José Geraldo, da turma de 1965; o Seoldo, que veio dos Estados Unidos com a esposa, Judith; e o José Maria, que pouco faltou para se ordenar padre. Eu estava ao lado do Olímpio quando o José Maria chegou e tive a felicidade de captar a sua expressão de alegria e contentamento ao ver ali presente seu antigo professor.


Sempre da esquerda para a direira: primeira fila -  Rafael, Marcos Rocha,Tião Coelho, José Geraldo d'Assunção, Tupy;
segunda fila - José Maria, Benone, Max, Waltinho, Alfredo, Siovani, Lulu; na útima fila - Santana, Olímpio, Rosalino, Alberto Medina (parcialmente encoberto), Nonato, Eustáquio, José Geraldo Freitas, Baliza, Chicão, Seoldo (parcialmente encoberto).

Chope na mão, conversa para todo lado, sanfona e cantoria pela noite adentro. Se a fome apertava, um belo caldo de feijão ou canjiquinha estava ao alcance do apetite de cada um. A pururuca acrescida ao caldo elevou-o ao ápice gastronômico de todo o encontro, se bem que alguns afoitos se arrependeram por se acharem mais espertos que a pimenta que se ofertava.

Um momento alto da noite foi quando o Nonato presenteou a cruz símbolo dos padres crúzios ao Lua, para que fosse colocada na capela existente na propriedade. Em outro momento, o José Maria falou sobre sua vida após deixar o diaconato, uma peregrinação pelo mundo como membro do corpo diplomático brasileiro.

A noite já ia alta quando fomos para o hotel acalmar os espíritos excitados pelas emoções que nos assaltaram.


Sábado, 15/09/12.Para os que estávamos hospedados no Zeta Hotel, o café da manhã reuniu-nos a todos em torno dos pães de queijo, bolos e frutas. Aliás, as dependências desse hotel surpreenderam bastante pelo bem-estar proporcionado e também pelo seu tamanho em uma cidade tão pequena.

A galharda jardineira, com ar condicio-
nado e tudo, aguentou firme
Estávamos instruídos a reunirmo-nos às nove horas no Pé de Banana, onde os carros seriam deixados, para seguirmos para a Fazenda Germana. Lá, a jardineira estava pronta à nossa espera, galharda, ou melhor, gargalhando ao nosso receio se seria ela capaz de chegar inteira ao destino, e, admire-se ainda mais, faria duas viagens, pois éramos demasiados para que ela levasse a todos. E lá se foi a primeira leva e outros ficaram para trás aguardando o retorno da brava velhinha. Fomos titubeando pela estrada de terra, um morro íngreme exigia-lhe respeito,
 ela parava, aceitava uma primeira meio claudicante e vencia mais aquele desafio.  Lembramo-nos do caminhão do Tião e dos padres meio loucos que jogavam cinquenta crianças em cima de bancos de tábuas na carroceria para levar-nos para os piqueniques, pelo menos a jardineira tinha um teto, se bem que não muito confiável, para não permitir que o céu caísse em nossas cabeças de irredutíveis ex-seminaristas que buscavam novamente os deuses da natureza.


A Fazenda Germana
Chegamos todos sãos e salvos na Fazenda Germana, agradecidos pela experiência do Ildeu, motorista da brava velhinha. Na bela sede da fazenda, recoberta de hera, fomos apresentados aos retratos da família do Lua, à veneração que ele tem por sua falecida mãe e visitamos a maternidade, o quarto onde ele nasceu.

Prosseguindo a visita, a atenção de todos foi atraída para o processo industrial da famosa cachaça Germana: o processo da fermentação do caldo da cana, a garapa; a destilação do líquido fermentado que dá origem à branquinha, a cachaça pura; o processo de envelhecimento em barris de carvalho, onde, através do tanino existente na madeira, a cachaça adquire a coloração própria ao carvalho ou à outra madeira utilizada; o processo de envasamento e fechamento das garrafas; a capa protetora das garrafas feitas do caule das bananeiras, proteção contra choques e contra a luz, que pode causar alteração no produto. Além do processo industrial, o Lua falou sobre o modo como são exportadas as garrafas, principalmente para a Inglaterra, cujos pedidos são feitos especificamente de cada barril existente, pois o líquido é analisado previamente.

Acompanhando o processo industrial ouviam-se ávidos comentários sobre quando se faria a degustação da famosa Germana, e, chegado o momento, aprendeu-se a apreciar a cachaça: o cheiro inicial, para causar a preparação do organismo para o irreverente líquido que se está prestes a ingerir, o leve toque nos lábios para anestesiar a língua e, aí sim, a liberação para o  desfrutar. Em seguida, estávamos na lojinha da fazenda onde se podia adquirir o produto nobre por preços bem convenientes.

Tomados os aperitivos, o almoço já se fazia premente, mas ainda tínhamos que novamente bambolear na jardineira para chegar ao pasto, não me interpretem mal, pasto no sentido de lugar onde se faz nutrição. E lá fomos para o meio de uma mata para um verdadeiro piquenique. Sentados à sombra das árvores, com cerveja e acepipes, aguardando o almoço, ouvimos o Pe. Wilson nos falar sobre o projeto dos padres crúzios em construir um convento em Campo Belo para continuar sua obra no Brasil e poder formar novos padres. Pediu-nos a todos que contribuíssemos com o esforço financeiro que a obra exigia. OTupi, tomando a palavra, propôs que cada um contribuísse com um salário-mínimo por ano, ou cinquenta reais por mês, afinal, poderemos retribuir pelo tempo que lá estudamos gratuitamente e mesmo se considerarmos alguma indenização pelos cuidados do Pe. Humberto, ainda há um saldo a favor dos crúzios. De minha parte, só não vou querer considerar minhas aulas de piano com professora da cidade, porque meu ouvido surdo brigava com aquela obrigação e sempre perdia, causando-me muita aflição.

E o almoço foi liberado. Ufa! Já era tempo. Canjiquinha, ora-pro-nóbis, carneiro assado, frango ensopado, prato na mão à procura de um assento, briga com o frango, depois bananada com queijo e pausa para pegar a jardineira.

Capela da Serra da Piedade
E o Lua perdeu aquele sorriso gozador quando recebeu um telefonema que lhe comunicava que o ônibus que nos levaria à Serra da Piedade não estava mais disponível. Explosão de nervosismo, o que fazer? Nenhum problema, logo duas vans estavam à disposição para levar-nos. Já era noite quando subimos a serra para apreciar o gélido vento que varria o pico e como tudo estava fechado apressaram-se todos para o abrigo da pizzaria. Ao redor das mesas, momentos para conversar, contar piadas, falar mal e bem dos antigos mestres com a pizza entre os dentes. Não posso elogiar a pizza, pois tinha sempre presunto a incomodar-me.  E, então, para encerrar o dia que fora tão cheio, só nos restava descer a serra e procurar o aconchego das camas.

Domingo, 16/09/12, a atividade do dia seria uma visita ao Caraça, nobre santuário mineiro onde no passado existiu um dos mais famosos colégios do país. Não sabíamos se algum ônibus teria sido providenciado para a viagem, ficamos aguardando na porta do hotel até que chegaram os carros dos que estavam na Pousada da Dadinha e, estava definido, iríamos nos próprios carros.

A viagem de Nova União ao Caraça, cerca de sessenta quilômetros, correu tranqüila e agradável sem nenhum dos contratempos que enfrentavam os peregrinos que desde a antiguidade remota sobem as montanhas para se aproximarem de Deus. Logo estávamos na portaria do parque que controla a entrada dos visitantes e, em seguida, a paisagem da bela igreja surgida do nada entre a mata e as montanhas da Serra do Espinhaço. O isolamento é total, e nós, que vivêramos internos no meio urbano de Campo Belo, não podíamos deixar de sentir uma certa angústia por aqueles meninos que deixavam tão longe suas casas para ambiente tão solitário, apesar da natureza gratificante dos arredores. E lá estudaram muitos homens ilustres de nossa história, dentre eles, Afonso Pena.


Na frente do belíssimo altar da igreja do Caraça. Sempre da esquerda para a direita: primeira fila - Lívia, Maice, Dita,
Maria Jósé, Fátima; na segunda fila: Maria de Jesus, Rosimere, Cibele, Marta, Judith, Liana, Shirley, Nazaré,
Marina, Marina, Camila.

O grupo se dirigiu para a igreja de estilo neogótico onde participou da missa iluminado pela luz que os vitrais traziam ao recolhimento de cada um. Após a missa, fotos no interior do templo:
E fomos almoçar no meio do tumulto que os demais visitantes criavam no refeitório, muita gente! O grupo se dispersou um pouco. Mas após o almoço reunimo-nos num canto mais isolado do refeitório. Foram prestadas homenagens ao Lua e à Shirley como agradecimento pela acolhida carinhosa. O Lua agradeceu a presença de todos e contou a história sobre um índio que percebia em si, nos dois lados do coração, dois cachorros, um pitbull e um collie, que lutavam pelo seu domínio, o poder e a violência contra a ternura, e disse que o collie prevalecera nas suas ações para oferecer-nos o melhor, com muito carinho.

Ouvimos, ainda, o depoimento emocionado da Judith, de nacionalidade norte-americana, que agradeceu a oportunidade e a felicidade de conhecer e participar de uma parcela tão importante da vida de seu esposo, o Seoldo, em terras tão distantes.

E chegou a hora da despedida para muitos que dali do Caraça partiriam para suas cidades, prometendo estar de volta ao encontro do próximo ano em Campo Belo, em 28 de setembro, dia do aniversário da cidade.

E contaram-me que um grupo voltou à Nova União e ainda se reuniu à noite na Pizzaria Minuano, acompanhado pelo Lua e o proprietário da Pousada da Dadinha. Pizza, cerveja e a Germana correram à vontade.
A bela Capela no alto da Serra da Piedade

Na subida da Serra da Piedade, parada
ao lado da quarta estação da Via Sacra
O casal Seoldo visita a Gruta do Eremita na
Serra da Piedade.
17/09/12,segunda-feira. Deixando Nova União para trás, antes de voltar a Belo Horizonte, com aquela saudade do que não foi visto e que valia sê-lo, o grupo subiu novamente a Serra da Piedade, com toda a luz do sol desse dia escaldante e conheceu a capela, a Casa dos Romeiros, a Gruta do Eremita e a cripta.

E encerrou-se mais um encontro sob as bênçãos da amizade que nos une a todos e nos dá a alegria de podermos participar de momentos tão reconfortantes de uma família que agora tem um braço estendido em Tucson, Arizona, EUA.


terça-feira, 18 de setembro de 2012

IV Encontro da EASO - Lista de presença



Foto 2012-01Montagem de duas fotos:  uma capta a emoção do Lua ao 
receber o brasão da ordem dos Crúzios das mãos de Raimundo
Nonato, a outra, o momento em que os ex-seminaristas posam
para uma foto na frente da loja do Alambique




Foto 2012-02


Foto 2012-03

Foto 2012-04

Participantes do IV Encontro de 2012
Alberto Gonçalves Medina
Alfredo Dias da Costa
Antônio José Ferreira
Antônio José Ferreira Junior
Benedita Carvalho
Benone Fernandes Bilheiro
Camila (Filha do Santana)
Cibele Vieira Texeira Coelho
Deiwson Francisco de souza Jr.
Edmundo Antônio Dutra do Vale
Eustáquio de Azevedo Silva
Francisco Sales
Geraldo Hélcio Seoldo Rodrigues
José Geraldo Assunção
José Geraldo de Freitas Oliveira
José Maria de Carvalho Coelho
José Orlando Baliza
José Rafael Cabral
Judith Seoldo
Laiana Souza Silva
Liana Borges Amaral
Lívia Raquel Miranda
Luiz Henriques Alfenas
Marcos Antônio Rocha
Maria de Jesus Gaspar Vale
Marina Dias da Costa
Maria Fátima S. Ferreira
Maria José da Silva Alfenas
Marina Terezinha Rigotto da Silva
Marta Reis
Maria Alice
Max Ordonez F. Souza
Nazaré Fátima V. da Costa
Olímpio José da Silva
Raimundo Nonato da Costa
Robson Henriques de Miranda
Rosalino José Miranda
Rosimeire Assis de Andrade Moreira
Sebastião de Carvalho Coelho
Shirley Muzzi
Siovani Rodrigues Moreira
Tupinambá Pedro Paraguassu Amorim
Walter Caetano Pinto


quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Nonato e Nazaré buscam origens e mestres

Fomos a Portugal conhecer os parentes da Nazaré por parte do pai que é Português, aproveitamos nossa estada na Europa e fomos conhecer Paris e Roma e não poderíamos deixar de realizar um desejo que há muito eu alimentava: conhecer o local onde moram os nossos antigos mestres que voltaram para a Holanda. Encontramos lá dois dos Crúzios que conosco conviveram em Campo Belo: padre. Cornélio e padre Clemente. Tive a ventura de encontrar lá, também, o padre. Francisco, que vocês não conhecem, pois ele só trabalhou aqui em Belém, isso por mais de 40 anos.
Eles moram em Uden, em um lugar muito agradável e bonito, não em convento, nem em casa de recolhimento, cada um mora em seu apartamento, embora muito perto de uma casa onde vivem muitos idosos, onde tomam suas refeições e podem ser socorridos pelo pessoal que lá trabalha, é uma coisa de primeiro mundo. O Prédio onde mora o padre Cornélio fica de frente para uma pequena pracinha, onde esta localizado o prédio que outrora fora o seminário menor, onde todos os Crúzios estudaram. Lá também há a igreja onde foram ordenados.
Anexado vão algumas fotos para vocês apreciarem.
Nonato








Alguns vídeos da visita aos padres Clemente, Cornélio e Francisco:


Nonato e Padre Clemente



Acima Padre Cornélio ao piano

Almoço com os amigos - acima

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

terça-feira, 4 de setembro de 2012

Entrevista com Alfredo Dias Costa


Alfredo
Alfredo Dias da Costa (66)
Período no seminário: 1958-1962
Formação acadêmica: Bacharel em Direito

APRESENTAÇÃO

Por meio de e-mails, o Blog dos Encontristas da EASO realizou uma entrevista com um dos melhores jogadores de futebol do nosso seminário e também da cidade de Campo Belo, no tempo de sua passagem por lá, no princípio da década de sessenta, apesar de sua pouca idade na época e de sua limitação visual. Nesta entrevista, podemos perceber a nobreza de caráter, a integridade, o senso de justiça e o espírito abnegado desse nosso colega, que sabe ler a alma das pessoas e é capaz de grandes gestos, como emprestar, despretensiosamente, uma boa soma de dinheiro para uma pessoa em dificuldade, mesmo sem conhecê-la e sem nenhuma garantia em troca. Uma pessoa sem preconceitos, que acredita nas pessoas, independentemente de suas crenças e condições financeiras. Esse é o nosso amigo Alfredo, consciente dos valores familiares e que tem por hábito cultivar a amizade e praticar a solidariedade. Por isso, sempre encontra e faz amigos por onde passa, deixando marcas profundas de respeito e admiração no coração das pessoas que tiveram a felicidade de conhecê-lo e de desfrutar de sua convivência.
O nosso amigo é um daqueles mineiros que tem bons causos para contar e é um otimista convicto e convincente que acredita que, dentro de pouco tempo, o homem poderá viver, no mínimo até aos 120 anos. Também crê que com os avanços que a humanidade terá em pouco menos de 50 anos, a obesidade, as doenças e os alimentos prejudiciais serão eliminados, dando a todos os homens e mulheres uma saúde melhor. Além disso, tem esperança que os novos conhecimentos a serem adquiridos nos proporcionarão ter moradias no espaço, realizar viagens no tempo e, por cima, que nós próprios, que já não tão novos, ainda seremos testemunhas desses acontecimentos. Juiz-forano bairrista, não tem dúvida nenhuma que o seu time de coração, o Tupi, nesse meio tempo, chegará a Tókio e se sagrará campeão mundial interclubes, é mole?

I – PERFIL

Nascido em Juiz de Fora em 24 de novembro de 1945; no início de 1958, com 12 anos de idade, Alfredo ingressou no Seminário da EASO, onde permaneceu até ao final do ano de 1962, período em que cursou até a quarta série ginasial.

Alfredo (de óculos na última fileira) entre outros seminaristas,
 no início de 1962, numa das primeiras caminhadas com o Pe. Agostinho,
 recém chegado da Holanda, pelo cerrado e pastos nas cercanias
do Colégio "Dom Cabral", catando goiaba e outros frutos silvestres
e, de brinde, muitos carrapatos


Segundo o próprio entrevistado, sua ida para o Seminário se deu pelo fato de ter sido coroinha, ter um bom convívio com os Padres da Igreja de Santa Rita de Cássia, em Juiz de Fora e achar que tinha vocação para o sacerdócio; já sua saída do seminário se deu por total incompatibilidade com o Padre Humberto e, talvez, por achar que não tinha mesmo vocação para o sacerdócio, o que ele julga ser um privilégio de poucos.





FAMÍLIA:
Alfredo e Marina na Bahia
Casou-se com Marina, em outubro de 1974 depois de sete anos de namoro e noivado, com quem constituiu uma bela família com quatro filhos: um homem e três mulheres, todos já formados e devidamente empregados, a saber:







Alfredinho com os pais e Bruna,        
sua noiva, em Tiradentes, MG          
Alfredo Dias da Costa Filho, nascido em 12 de agosto de 1976, formado em Administração de Empresa. Atualmente trabalhando em uma termoelétrica, em Fortaleza – CE. Solteiro por enquanto, mas já pensando em assumir compromissos mais sérios depois que a cearense Bruna fisgou seu coração (fotos ao lado e abaixo) ;




Marina, Alfredinho e Alfredo














Aline Barbosa da Costa, nascida em 22 de maio de 1979 - casada, formada em Administração de Empresa. Atualmente trabalhando como Gerente de Marketing da Sadia S/A., e residindo em Belo Horizonte (foto abaixo, à esquerda);



Aline entre os pais




Andréia Barbosa da Costa, nascida em 31 de dezembro de 1981, casada, formada em administração de Empresa, residindo atualmente em Vitória – ES (foto à direita);

Andréia com os pais












 e Adélia Barbosa da Costa, nascida em 18 de março de 1989, solteira, formada em Nutrição, exercendo essa função como contratada, na UFJF, em Juiz de Fora (foto abaixo).

Adélia com os pais
TRABALHO:
Com dezessete anos, logo após sair do seminário, fui trabalhar na empresa Moinhos Vera Cruz S.A. como “office boy”. Lá progredi chegando a escriturário; nesta empresa permaneci por cinco anos, saindo para me preparar para o vestibular de engenharia.
Com o insucesso no vestibular, fui trabalhar na Prefeitura de Juiz de Fora, no setor de cadastro imobiliário, permanecendo lá por um ano; em seguida fui contratado pela empresa Pedro Wilson Duarte, distribuidora de produtos farmacêuticos, nessa empresa permaneci por dois anos e meio; após, trabalhei como autônomo, comprando e vendendo remédio, por dois anos; em seguida fui para a distribuidora de cosméticos ORPEL, onde permaneci por dois anos e meio e por fim trabalhei na Farbrasil, por apenas dois meses, saindo para tomar posse como fiscal da Secretaria da Fazenda do Estado de Minas, em Teófilo Otoni, em 1974;


Algumas Particularidades dignas de destaques:
Com o insucesso no vestibular de engenharia, participei de um concurso da Secretaria da Fazenda para desempenhar as funções de fiscal do Estado de Minas Gerais, em 1969, obtendo êxito.
O edital anunciava que havia 830 vagas, fui classificado em 285º lugar; porém minha nomeação só ocorreu cinco anos após, em 1974 (coisas do serviço público). Enquanto esperava por esta nomeação fui trabalhando com o que aparecia.
Quando exerci a função de autônomo, comprava produtos farmacêuticos em São Paulo, daqueles laboratórios chamados de porão, e os vendia para as farmácias das cidades próximas a Juiz de Fora.
Naquela ocasião, uma senhora de Leopoldina, tida como curandeira, estava fazendo muito sucesso naquelas redondezas, fui procurá-la e solicitei-lhe que receitasse os meus remédios, que, em troca, eu lhe daria 10% de toda a venda que ocorresse em Leopoldina, ao que ela me respondeu: “isto não é assim não, meu filho”...! Os produtos têm que passar pela aprovação do "Guia", deixe uma amostra de cada um dos seus produtos que eu vou submetê-las à aprovação do "Guia".
Naquele dia observei que ela mantinha no Centro Espírita várias bonecas, inclusive, quando me atendeu estava com uma boneca nos braços. Quinze dias após ter deixado as amostras com a Dona Marlene, esse era o nome da Curandeira, retornei à sua casa, com uma bonita boneca que lhe presenteei; ela ficou muito contente com o presente e disse que não houvera tempo suficiente, ainda, para o Guia se manifestar sobre os produtos, que eu voltasse daí a uns quinze dias.
 Foi o que fiz. Quinze dias após retornei e fui recebido efusivamente pela Dona Marlene, que disse eufórica: “seus produtos foram todos aprovados pelo Guia, meus parabéns. Pode procurar as farmácias tal.., tal... e tal, e dizer aos seus respectivos proprietários que eu lhes mandei comprar os seus produtos e que me responsabilizo pelas receitas (vendas dos produtos)”. E, assim foi feito.
A essa Dona Marlene eu agradeço o pagamento das prestações de um "Fusca 1966" e da laje da casa em que eu iria morar quando me casasse.
 Infelizmente, a fonte secou. O dono do Laboratório em São Paulo sofreu um derrame cerebral e seu genro, que o substituiu, não manteve as mesmas condições que seu sogro me dava na compra dos produtos e o negócio tornou-se inviável. Voltei a trabalhar empregado na mesma firma de cosméticos Organização Perez Ltda - Orpel.
Fui nomeado, em setembro de 1974, funcionário da Secretaria da Fazenda, na função de Agente Fiscal, Tendo sido lotado na Superintendência Regional da Fazenda Mucuri em Teófilo Otoni.
Em 1978, fui nomeado chefe da Administração Fazendária em Pedra Azul; em 1980, chefe da Administração em Diamantina e, em 1983, chefe da Administração em Curvelo.
 Em 1985, após estar apostilado como chefe de administração fazendária (apostilar é o direito que se adquire de continuar a receber o salário de chefe, mesmo fora da chefia), retornei para Juiz de Fora como fiscal, onde desempenhei essa função até 1996, ano em que me afastei do serviço público para aposentar.
Com o conhecimento que detinha, devido às experiências adquiridas no exercício das profissões anteriores à entrada na Secretaria da Fazenda, pude exercer minha carreira fazendária de uma maneira diferente. Eu era um fiscal consciente das dificuldades das empresas privadas e de seu papel social.
Em todos os municípios em que fui chefe, sempre imperou o diálogo com os contribuintes, contadores e outras autoridades;
Questionava sempre a legislação tributária e as ordens superiores quando as entendia arbitrárias e me preocupava com o crescimento econômico dos contribuintes; essa preocupação em fazer justiça, com certeza, foi fruto do aprendizado no seminário; obtive com isso alguns aborrecimentos com os meus chefes.


ALGUNS FATOS OCORRIDOS DURANTE O PERÍODO EM QUE FUI CHEFE DE ADMINISTRAÇÃO FAZENDÁRIA:


Em Pedra Azul – MG:
Logo que assumi o cargo nessa cidade, deparei-me com um fato preocupante. Os açougueiros se insubordinaram contra uma determinação da Superintendência de Teófilo Otoni, diga-se de passagem, determinação sem amparo legal, e queriam matar os agentes do fisco que os faziam cumprir aquela determinação.
A determinação consistia em que os açougueiros pagassem os impostos referentes aos abates de gado bovino e suíno, antes de os abaterem e, ainda, comunicassem ao fisco os dias em que iriam fazê-los. Caso não os abatessem no dia determinado e não comunicassem com antecedência esse fato ao fisco, perderiam o valor do imposto já pago.
Convoquei, então, uma reunião com todos os açougueiros e indaguei-lhes o motivo de tanta truculência contra os agentes do fisco.
A resposta foi: “Somos todos pobres. Compramos o gado fiado dos produtores rurais, eles nos dão prazo para pagá-lo. O pagamento é feito com o dinheiro adquirido com as vendas dos produtos dos abates dos bovinos e suínos. Não temos condições de antecipar os impostos conforme determina essa instrução de Teófilo Otoni; então, arriscamos o abate, sem o recolhimento dos impostos, quando vêm os fiscais e nos multam, dificultando ainda mais a nossa vida, pois aumentam os valores a serem pagos ao fisco e muitas vezes, inviabiliza o pagamento aos produtores, nossos fornecedores, aí, entramos em desespero....”
Sabendo que a determinação da Superintendência de Teófilo Otoni era ilegal, propus-lhes: Quando vocês não tiverem dinheiro para antecipar os impostos me procurem, que lhes autorizarei o abate, fornecendo-lhes os documentos fiscais necessários; após a venda do produto do abate recolham os impostos. Caso vocês não recolham os impostos devidos, eu terei que pagá-los do meu bolso. E assim ficou combinado.
Aqueles que me procuraram e solicitaram as benesses foram atendidos e todos eles, após os abates, efetuaram os pagamentos dos impostos devidos, nenhum me deu cano; a guerra contra os fiscais acabou, e, para minha surpresa, quando algum açougueiro era surpreendido cometendo algum deslize, pagava as multas e pedia aos fiscais para não me comunicarem o fato.


Outro fato pitoresco que aconteceu em Pedra Azul:
Quando lá cheguei, estava cursando o 4º ano de Direito na Faculdade Nordeste Mineiro, em Teófilo Otoni. Passei então, a fazer o curso aos finais de semana e para não ficar na “gandaia” todas as noites, resolvi ingressar no curso de contabilidade que estava disponível no Colégio Cassiano Mendes.
Atendendo as normas, eu usava o uniforme do colégio e, se chegasse atrasado à primeira aula, tinha que esperar a segunda aula e o mais pitoresco: os contadores, que de dia eu socorria como chefe da Administração Fazendária, à noite eram os meus professores de contabilidade.
A minha convivência com os alunos do colégio, todos adolescentes, que passaram a ser meus colegas de classe e de curso, era motivo de comentário na cidade, pois, nas ruas eles me tratavam como um colega, sem nenhuma cerimônia.  Enquanto os advogados e contadores me chamavam de doutor, eles me chamavam de Alfredo; sendo Pedra Azul uma pequena cidade na divisa de Minas com a Bahia, esse fato me deu muita popularidade no lugar. Foi uma fase muito especial de minha vida.


Em Diamantina:
Dois anos depois, fui transferido para Diamantina, onde terminei o curso de contabilidade no famoso Colégio Diamantinense. A transferência foi uma promoção, no parecer de meus superiores, com o mesmo salário, mas indo trabalhar e morar em uma cidade melhor;
Quando assumi a chefia da repartição, fiz um levantamento dos contribuintes que estavam em atraso com suas obrigações fiscais; enviei correspondências a esses contribuintes solicitando-lhes a presença na repartição.
Um contribuinte, que estava com impostos atrasados, compareceu e me contou o seu drama. Disse-me ele:
- que tinha um comércio muito próspero, no distrito de Diamantina, onde havia duas dragas da Tijucana, empresa Belga que explorava diamantes no Rio Jequitinhonha;
- que raciocinou: se aqui, que é um povoado pequeno, eu estou me dando tão bem, se eu for para Diamantina, que é uma cidade maior, ficarei rico. Com esse pensamento, transferiu-se para Diamantina, indo se estabelecer em um local pouco apropriado para o comércio de gêneros alimentícios. Aí, foi só desilusão e dívida;
- que estava propenso a voltar para o distrito, mas tinha dívidas e tinha que saldá-las primeiro, pois não ia dar cano em ninguém;
- que o Gerente da Caixa Econômica garantiu ao seu filho que lhe emprestaria o dinheiro necessário para quitar todas as dívidas, desde que ele fizesse um depósito de R$ 2.000,00 (dois mil reais) e deixasse esse dinheiro na Caixa fazendo média por uns 30 dias. O impasse estava criado, pois nem meu filho nem eu tínhamos o dinheiro para depositar.
Embora eu nunca tivesse visto aquele homem, vi em seus olhos sinceridade e desespero. Eu dispunha da quantia que ele tanto precisava para fazer a média na Caixa Econômica e não iria precisar daquele dinheiro por uns 60 dias. Resolvi então ajudar aquele homem, emprestando-lhe a quantia necessária para satisfazer a exigência da Caixa, mesmo sem ele me dar garantia alguma.
A surpresa daquele homem foi grande quando lhe disse que tinha o dinheiro do qual necessitava; que acreditava em sua narrativa e que via nele um homem trabalhador e honesto que, momentaneamente, passava por dificuldades e que iria lhe emprestar o dinheiro necessário, mesmo sem conhecê-lo.
Todos os funcionários da repartição, ao saberem do caso se surpreenderam e me disseram: “o senhor perdeu seu dinheiro, nunca mais o senhor verá esse homem”.
Passaram-se os dias; no dia marcado para que ele me devolvesse o empréstimo, o homem não apareceu; foi coro geral dos funcionários: “nós não lhe advertimos? O Senhor perdeu seu dinheiro....”
Quinze dias após a data combinada o homem apareceu, pediu desculpas pelo atraso, dizendo que a Caixa demorou a liberar o empréstimo. Devolveu-me o meu dinheiro, pediu-me para levantar todo o seu débito para com o Estado, fazendo a quitação dele e por fim disse:
“Nunca ninguém fez por mim o que o Senhor fez, nunca tive ninguém que confiasse em mim como o Senhor confiou, por isto lhe digo, se o Senhor precisar de mim para o que for é só me chamar, se o Senhor precisar que mate alguém, é só me chamar.”


ATIVIDADES EXTRA EMPREGO:


Fora do emprego, fui sócio fundador do Lions Club de Pedra Azul, depois, pertenci ao Lions de Diamantina; atualmente, encontro-me afastado (Leão fora da Jaula).
Em Curvelo fui iniciado na maçonaria; atualmente afastado da loja.
Pertenço à Academia Jurídica de Letras de Juiz de Fora, cadeira 33, vide link aquiembora seja apenas bacharéu em direito, honraram-me com este mimo, mesmo sem eu nunca ter escrito nada.
Salão de eventos
No momento estou aposentado pelo INSS e possuo um salão de festas que se chama “Contemporâneo” e está arrendado a um Buffet (foto à direita).

Para o futuro, que já é o presente, pretendo cuidar mais da saúde e viver o que me resta com qualidade de vida, poder conhecer netos que ainda não os tenho e participar sempre do convívio dos amigos. 

II – PERGUNTAS GERAIS

Blog – Fazendo uma retrospectiva da vida, o que a EASO significou neste contexto?

Alfredo – A EASO foi a base de tudo; a disciplina rígida imposta pelos holandeses moldou a minha personalidade, de maneira a ser solidário com as pessoas, tentando de alguma forma ajudá-las.

Blog - Quais as lembranças que você tem da EASO e das pessoas com quem conviveu? Existe algum acontecimento que o marcou ou alguma pessoa que o tenha influenciado decisivamente?
Alfredo – As minhas lembranças são as mesmas de todos os seminaristas. O queijo aos domingos no café da manhã, guaraná em dias especiais, o sono na sala de estudo após o almoço, as peladas e os jogos contra os times de Campo Belo;

Algumas vezes os dirigentes dos times de Campo Belo, Sparta e Comercial, solicitavam aos Padres a liberação minha e do Raimundo para fortalecer seus times contra algum adversário mais forte, mas os Padres não nos liberavam, argumentando que os jogadores daqueles times ficavam pelados nos vestiários para trocar de roupa e nós não poderíamos presenciar isso;

As idas e vindas à praça de esporte, com aquele sol escaldante, as missas na Matriz velha e depois também na nova; os campeonatos de botão e de ping-pong, onde fui campeão algumas vezes.....etc.

Blog – Percebe-se que você é uma pessoa solidária com as pessoas em seu entorno, sabendo compreender suas dificuldades e ajudá-las. Com isso você obteve alguns aborrecimentos com seus chefes, que, todavia, não o impediram de atingir o topo da carreira como agente fiscal. Quais eram essas objeções e como, mesmo com os chefes no seu pé, você conseguiu ser tão bem sucedido profissionalmente?
Alfredo – Como disse, eu questionava sempre as ordens superiores e a legislação tributária, pois sempre as achei injustas para com os mais pobres, com os pequenos contribuintes e com os contribuintes das pequenas e distantes cidades. Sempre achei que deveria existir uma tributação diferente para esse pessoal. Você não pode comparar um comerciante de uma pequena e pobre cidade do interior com um comerciante de Belo Horizonte.
 A tributação da venda a prazo deveria ser também a prazo, à medida que o contribuinte fosse recebendo as prestações. O Estado que não participa nem com um centavo na organização de uma empresa, passa a ser sócio majoritário dessa mesma empresa logo quando ela inicia suas atividades e, muitas vezes, antes mesmo de iniciar suas atividades.
Os impostos são exigidos quando da emissão das notas fiscais; se o contribuinte levar cano, o problema é dele e o Estado quer o imposto independentemente do contribuinte ter recebido as faturas ou não. Isso é justo?
Outras pessoas, com o passar do tempo, assimilaram o meu pensamento e aderiram ao meu inconformismo, tanto que criaram a Tributação Especial para as Micros e Pequenas Empresas e a criação do “Simples”, do “Super Simples”, conforme publicação no jornal “O Globo” do dia 26 de dezembro de 2011:
Micro e Pequenas Empresas: empresas com faturamento anual acima de R$120 mil vão ter seus impostos reduzidos entre 12% e 26% em relação ao que pagavam anteriormente. Outra novidade é que o pequeno empreendedor poderá constituir empresa sem necessidade de sócio.”
O meu sucesso ocorreu porque muitas vezes nas minhas inovações tributárias o resultado foi positivo. Veja um exemplo de sucesso: quando cheguei a Diamantina, apurei que em um ano os açougueiros só pagaram os impostos referentes a onze bovinos e nenhum suíno, o que era insuficiente para uma cidade que tinha cerca de 60.000 habitantes.
Determinei, então, a uma dupla de fiscais que visitasse todos os açougues, pela manhã e à tarde. A ordem era para pedir licença ao proprietário do estabelecimento, olhar o que tinha nas geladeiras e pedir a nota fiscal das carnes e de outros produtos que lá encontrassem. Caso as mercadorias lá encontradas estivessem sem nota fiscal, autorizassem aos proprietários a providenciarem a emissão da nota fiscal devida e a recolher espontaneamente os impostos devidos. A orientação era para não notificar ninguém.
Esse acompanhamento fiscal apavorou a todos os açougueiros; tamanha foi a sua repercussão que fui procurado pelo presidente da Associação Comercial para saber o motivo daquela atenção especial que estava sendo dispensada aos açougueiros.
Ao ser colocado a par de que em um ano os açougueiros só recolheram os impostos referentes a onze rezes, ele concordou que algo tinha mesmo que ser feito. Propus-lhe fazer um acordo com os açougueiros, de maneira que eles contribuíssem sobre um determinado numero de reses por mês e ficassem livres do acompanhamento fiscal. Estipulei uma quantidade de reses para cada açougue, mas eles não concordaram, alegando que a quantidade estava além de suas posses; pedi, então, ao presidente da Associação que voltasse aos açougueiros e indagasse deles qual a quantia de reses que eles achavam justa e que estaria ao seu alcance o pagamento dos impostos.
O presidente da Associação, após reunião com os açougueiros, trouxe uma nova proposta com novas quantidades apontadas por eles, com as quais eu concordei; assim, a Associação Comercial de Diamantina intermediou o primeiro termo de acordo da Secretaria da Fazenda, inovando a legislação tributária.
Pois bem, no mês em que houve o primeiro recolhimento dos impostos provenientes do acordo, cumprindo a rotina, mandei para Curvelo o resultado financeiro referente ao Comércio, Indústria, Lavoura e Pecuária, de Diamantina.
 Ao conferir os dados do relatório, o funcionário responsável pela consolidação dos resultados me ligou e disse: “Alfredo, a pecuária que você me passou está errada, refaça seus cálculos”; refiz os cálculos e confirmei-lhe que eles estavam corretos. Então, ele incrédulo, disse: “não é possível, aí em Diamantina só tem pedra, como pode a arrecadação de pecuária daí ser maior do que a de Curvelo, que é área de pecuária?”.... a inovação dera certo!
Blog – Depois de toda essa experiência de vida profissional e familiar, o que o faz sentir-se feliz, hoje?
Alfredo – Feliz por ter conseguido de alguma forma coibir parte da sonegação e aumentar a arrecadação do ICMS nas áreas sob minha administração, sem o uso de arbitrariedade, apenas com o diálogo com os contribuintes e contadores; feliz por ver meus filhos se destacarem em suas áreas de atuação, sendo queridos e respeitados pelos seus chefes e colegas de trabalho.

Blog – Você disse que não tem hobby. Mas, nos seus momentos de descontração, além da família e dos amigos, o que mais você gosta de curtir? Esportes, leitura, filmes? Quais especificamente? Torce por algum time de futebol?

Alfredo – A minha maior curtição é sem dúvida o futebol; sou Tupi e Fluminense; por sinal o Tupi foi o campeão brasileiro da série D, é pouco ou quer mais? Foi também campeão mineiro do interior. Na classificação final ficou em terceiro lugar, na frente do Cruzeiro. Gosto também de músicas de todos os estilos, filmes de aventuras e científicos e leio todos os livros que encontro, embora raramente os compre.

Blog – No aspecto espiritual, como você se define?

Alfredo – Católico não praticante com muita chance de voltar a ser praticante.
A seguir, seis perguntas sugeridas pelo nosso colega Luís Alfenas:
Blog – Ver todos os filhos formados e exercendo as respectivas profissões, como é esse gostinho de missão cumprida?

Alfredo - É sempre um orgulho ver os filhos se destacando em suas profissões, mas muito me orgulho também do carinho que eles desfrutam dos seus superiores, subordinados e colegas.


Blog - No seminário você era considerado bom de bola. Fora do seminário, em especial no exercício da profissão, você acha que o futebol ajudou você a fazer amigos e ampliar a liderança, ou jogar bem não teve nenhuma influência?
O meia armador Alfredo (3º agachado a partir da esquerda)
do vitorioso  Santa Cruz,  no campo do Sparta,  em  1961



Alfredo – Quando saí do Seminário, devido a minha deficiência visual e não ter grana para adquirir lentes de contato, não me foi possível levar o futebol adiante. Aqui em Juiz de Fora os treinos eram sempre à noite e a deficiência visual me prejudicava bastante. Participei de vários times amadores e o meu futebol, com certeza, influenciou nas minhas amizades.


Blog - No caso da mulher que indicava os remédios que você vendia para as farmácias, você teve notícias se ela realmente teria curado alguém? O sucesso dela foi duradouro, ou seja, você ainda teve notícias dela depois que você parou de vender produtos farmacêuticos?


 Alfredo – A dona Marlene era muito conceituada em Leopoldina e adjacências; ajudava a muitas crianças pobres. Os remédios que ela receitava (os meus), embora de laboratório de porão, eram eficientes e ajudaram a melhorar a saúde de muita gente. A notícia que tive dela é que havia falecido ainda jovem, não sei de que doença.


Blog - Na profissão de fiscal da receita, como você exercia o princípio da isonomia (todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza)?


Alfredo – Com bom senso. Vou dar um exemplo: um fiscal muito rigoroso soube que um deficiente físico, muito pobre, abrira uma portinha em sua casa, que se localizava em uma favela de uma pequena e pobre cidade do interior de Minas e estava a comerciar bananas (produto principal), pão e leite. Bem cedo, compareceu lá o fiscal e lhe aplicou uma multa por não ter inscrição do estabelecimento.
O fiscal estava errado? A legislação determina que antes que se inicie qualquer atividade comercial, o proprietário tem que se inscrever no cadastro de contribuintes do Estado. Portanto, o fiscal não estava errado.
Mas foi justo o que ele fez? Não seria de bom senso mandar que o deficiente físico (paraplégico) se inscrevesse e desse-lhe um prazo para isso?


Blog - Você viveu um período de grandes mudanças tecnológicas que afetaram muito a profissão de fiscal, como você vivenciou isso?


Alfredo – Eu me afastei para aposentar em 1996 e não alcancei tanta mudança assim. O computador só chegou à Secretaria da Fazenda no final do meu período. Não tive muitas dificuldades em me adaptar.


Blog - Um fiscal da receita contou-me que ao fiscalizar um contribuinte do ICMS, este, ao se ver apertado, apresentou-lhe um monte de notas fiscais roídas por ratos. Algo parecido ocorreu com você?


Alfredo – Outro acontecimento engraçado foi: um fiscal foi fiscalizar um boteco que havia pedido sua baixa. Quando chegou ao estabelecimento viu que havia várias garrafas de bebidas alcoólicas ainda com algum líquido em seu interior e também pedaços de salame, umas duas latas de salsichas e de azeitonas, pequeno pedaço de queijo parmesão, etc..
Como o dono do estabelecimento constou no pedido de baixa que o estoque do estabelecimento estava zerado, o Agente do fisco entrou no estabelecimento, baixou as portas permanecendo lá dentro. E, para o espanto dos chefes e de sua família, só saiu de lá três dias após, satisfeito, dizendo: "agora sim, o estoque do estabelecimento está zerado".
Casa do Alfredo em JF


Blog – A sua cidade, Juiz de Fora, é uma tradicional cidade mineira, também conhecida como Manchester Mineira, que tem grande expressão na indústria e na educação. Você é bairrista? O que mais deixa orgulhoso um juiz-forano da gema? Você acha que o Tupi tem condições de chegar à primeira divisão do Campeonato Brasileiro? 

Alfredo – Quando se trata da cidade da gente todo mundo é muito barrista. Como diz o poeta, na cidade da gente até a dor dói menos; Juiz de Fora vai se destacar, além da Educação e da Indústria, por incrível que pareça, na área da saúde. Hoje já é referência regional, em breve será estadual e até nacional. Esperem e verão.                          
Existe um bairrismo do povo de Belo Horizonte com o de Juiz de Fora. Os belo-horizontinos dizem que os juiz-foranos são cariocas do brejo, enquanto os juiz-foranos dizem que os belo-horizontinos são índios.
De acordo com o meu Pai, já falecido, essa rixa se deu por causa do futebol. Dizia ele, que por Belo Horizonte ter sido uma cidade programada, seus primeiros filhos foram os peões que trabalharam na sua construção, pessoas que vieram das mais distantes cidades e de regiões sem cultura, enquanto que, em Juiz de Fora, moravam as famílias tradicionais de boa cultura.
Quando um time de futebol de Belo Horizonte vinha a Juiz de Fora, os jogadores eram bem tratados e recebiam boas acomodações, mas mesmo assim eles quebravam tudo, destruíam restaurantes e hotéis (o que não mudou até hoje, não é mesmo?). Quando os times de Juiz de Fora iam jogar em Belo Horizonte, os jogadores daqui tinham outro tratamento lá, inferior ao que os belo-horizontinos haviam recebido aqui e os nossos jogadores, na maioria das vezes, ainda eram surrados. Por isto, serem chamados de índios.
Centenário do glorioso TUPI (2012),
Campeão Brasileiro da série D, no ano de 2011

Quanto ao Tupi, foi campeão brasileiro da série “D”, agora é rumo a Tókio.  
Perguntas sugeridas pelo Seoldo:
Blog - O que você pensa dos dias atuais (filosofia de vida e atitude política)? Como espera que o mundo esteja daqui a 50 anos?
Quanto aos dias atuais, respondendo ao Seoldo, são dias que embora conturbados, com muita violência, miséria e droga, são dias que oferecem melhores condições de vida, mais facilidade à educação, ao emprego e à alimentação.
Daqui a 50 anos, acredito que o mundo estará muito melhor; as doenças serão erradicadas, não haverá obesidade, os alimentos prejudiciais serão banidos, proporcionando às pessoas maior longevidade; todos terão direito à educação, estarão utilizando também as moradias espaciais, aproveitando normalmente a água dessalinizada do mar e o meio de locomoção será através do tempo e não do espaço como é hoje; a rivalidade religiosa estará mais acirrada; o Tupi já será campeão mundial e o Vila Nova, novamente, campeão mineiro e tenho certeza que estaremos lá para ver tudo isso e muito mais.
Blog – Ao final desta entrevista, que mensagem você gostaria de deixar para os leitores do nosso blog?

O casal Alfredo e Marina (à direita)
junto ao casal amigo Chicão e Dita,
no 2º Encontro (2010)
Alfredo e Marina, sempre presentes nos  encon-
tros,ao lado dos amigos  Rafael e do casal  
Alberto   Medina e Maria Conceição, no  3º
 Encontro, em 2011
Alfredo – Vocês não têm noção da importância que tiveram e que têm em minha vida, como diz Vinicius de Moraes:
Tenho amigos que não sabem o quanto são meus amigos, não percebem o amor que lhes devoto e a absoluta necessidade que tenho deles.”
Abraços.


FOTOS DE VIAGENS E OUTRAS FOTOS:


Aposentado e vida mansa, o nosso amigo Alfredo atualmente está mais para curtir a vida. Um de seus prazeres é viajar. Foi o que ele fez, junto com a esposa Marina, por esse Brasil afora, no último mês de junho, quando decidiram visitar o seu filho Alfredinho, que mora em Fortaleza. Aproveitaram para dar um pulo até a Bahia, na cidade de Teixeira de Freitas, onde visitaram sua amiga Celi Midori (Mimi), que durante seu curso de Fisioterapia, residiu em Juiz de Fora e por isso tornaram-se amigos, uma vez que a Mimi morava em um apartamento embaixo da residência do casal. Os filhos de Mimi, Caio e Enzo, afeiçoaram-se tanto a eles que passaram a ser considerados como netos por Marina e Alfredo.
O Rio de Janeiro, Tiradentes e Santos Dumont foram outros itinerários turísticos do casal (fotos abaixo).


Alfredo e Marina visitando
 Alfredinho, em Fortaleza, CE
 
A amiga de Teixeira de Freitas do casal,
Célia Midori (Mimi) e seus filhos:
Caio e Enzo 





Bruna, Marina e Alfredo
em frente à Igreja do Ouro, em Tiradentes

Alfredo e Marina
 no Cristo Redentor, RJ
 




Marina, Alfredo, Alfredinho e sua
noiva Bruna na estação de Cabangu,
em Santos Dumont
                                                                                            

Alfredo e Marina, em sua casa de
Cabangu, em Santos Dumont
 
Alfredinho, Alfredo e Marina,
nos jardins da casa de Santos Dumont